Na próxima quarta-feira (27), a presidente Dilma Rousseff estará no Alto Vale para assinatura da ordem de serviço da reforma e ampliação de barragens de Ituporanga e Taió. As duas obras contemplam um projeto de prevenção de cheias e desastres da Bacia do Rio Itajaí, dividido em duas etapas, que somam R$ 1,4 bilhão. Quando tudo estiver pronto, a previsão é que minimizar as cheias em até cinco metros na cidade de Rio do Sul, beneficiando todo o Vale.
O projeto é captaneado pela Secretaria Estadual de Defesa Civil, sob comando do ex-prefeito de Rio do Sul, Milton Hobbus, em uma parceria com a Agência Japonesa de Cooperação Internacional (Jica). Ele explica que os investimentos estão sendo feitos em duas etapas: na primeira, que soma R$ 600 milhões, serão feitas as ampliações das barragens de Ituporanga e Taió, a construção de sete novas barragens pequenas no Alto Vale, a construção de uma barragem em Botuverá, no Rio Itajaí-Mirim e a compra e instalação de uma radar meteorológico em Lontras, que cubrirá 74% dos municípios catarinenses.
Nesta etapa, os recursos estão garantidos através de uma parceria do governo estadual com o governo federal, que está repassando R$ 244 milhões a fundo perdido. Algumas obras, como o radar meteorológico, já estão sendo construídas e a mobilização para o canteiro de obras nas barragens já começou.
Hobbus explica que as sete novas barragens terão o efeito de uma das barragens grandes e deve minimizar ao máximo, o efeito das cheias nas cidades cortadas pelo Itajaí do Sul, Itajaí do Oeste e Itajaí-Açu. "A ampliação e construção dessas estruturas foi trabalhanda em cima dos volumes de enchentes dos últimos 50 anos. O radar novo trará uma exatidão maior da quantidade de chuva prevista em cada município. Esses equipamentos juntos permitirão a Defesa Civil do Estado, um trabalho de prevenção mais apurado e eficiente", comenta o secretário.
Brusque
A barragem no Rio Itajaí-Mirim em Botuverá visa atender a população de Brusque e Itajaí, cortadas pelo rio. Além de controla o nível do rio, o projeto da Jica construirá diques em Itajaí considerando o nível da maré, para impedir os constantes alagamentos na cidade cortadas por dois rios.
Gaspar e Ilhota
Na segunda etapa do projeto, onde serão investidos mais R$ 800 milhões, estão previstas obras nas cidades de Gaspar, Ilhota e Blumenau. As duas primeiras receberão ações junto ao Rio Itajaí-Açu, que deverá melhorar o escoamento das águas e dar maior segurança nos arredores. Os projetos e estudos desta etapa devem ser executados até o dia 15 de dezembro.
Entrevista
" O fundo de apoio garante a mão do estado quando as cidades mais precisam"
Prefeito de Rio do Sul entre 2004 e 2012, Milton Hobbus teve seu maior desafio em 2011, quando a cidade foi atingida por uma forte enchente. Os trabalhos de recuperação na cidade o credenciaram a assumir em 2013, após deixar a Prefeitura, o cargo de Secretário Estadual de Defesa Civil, uma pasta criada no governo Raimundo Colombo para dar maior atenção ao setor e garantir verbas para as ações em todo o Estado.
Hobbus visitou Gaspar na sexta-feira (22), onde se encontrou com o prefeito Celso Zuchi para tratar de auxílio em obras no bairro Bela Vista. Em visita a redação do Jornal Metas, ele falou dos trabalhos na secretaria.
Jornal Metas: O governo estadual criou uma Secretaria para a Defesa Civil, fato que ocorre também em diversos municípios como Blumenau e Rio do Sul. O que diferencia ter uma secretaria e somente uma Defesa Civil instalada?
Milton Hobbus – A mudança é essencial. O governador viu a enchente de 2011 em Rio do Sul. Eu era o prefeito a cidade e ele estava no primeiro governo. Antes, não tínhamos uma política de governo para prevenção, era apenas a Defesa Civil sem recursos próprios, que precisava retirar de outras áreas em tempos de castástrofes. Hoje, além de termos uma secretaria pensando na prevenção, a pasta dispõe de um fundo que possui em média, R$ 25 milhões ao ano. São recursos que podemos disponibilizar para as cidades quando ocorrem os problemas e também para as soluções. O fundo de apoio garante a mão do estado quando as cidades mais precisam.
JM – Esses recursos seriam para obras menores, não o caso do projeto Jica?
Hobbus – Para dessassoreamento de um rio, para construção de um ponte, para envio de materiais para cidades atingidas. O fundo foi um diferencial para a nossa secretaria. Encontramos casos de pequenos municípios em Santa Catarina que sofriam a cada chuva forte por um problema simples no rio, mas a Prefeitura estava sem condições de fazer o investimento para arrumar.
Em Camboriú, por exemplo, eles tiveram duas cheias no mês de abril. Encontramos os problemas, fizemos as obras e a cidade teve uma situação muito mais tranquila em setembro, quando choveu forte novamente.
JM – Como funciona a conversa da secretaria com as defesas civis dos municípios?
Hobbus – Quando entramos, metade dos municípios não tinham essa estrutura. Estamos auxiliando os prefeitos e hoje, quase todos já criaram. A secretaria disponibilza material, treinamento. Com uma Defesa Civil instalada em cada cidade, facilita o trabalho do poder público em épocas de enchentes, deslizamentos e outras ações. Só este ano, 130 cidades já fizeram decreto de estado de emergência devido a interpéries. Registramos neve, vendavais, diversas cheias.
Um exemplo da ação foi na cidade de Santa Cecília, no Planalto. Por causa da neve, o telhado cedeu em 600 residências. A informação chegou a nós na sexta-feira e no mesmo dia, mandamos o coordenador regional para o local. Entramos em contato com fornecedores e no sábado já estávamos trocando os telhados. Isso nunca se viu antes no Estado.
JM – Como está a busca de recursos para a segunda etapa do Projeto Jica?
Hobbus – Em 2011, o governador Raimundo Colombo conversou com a presidente Dilma Rousseff e ela pediu duas prioridades para Santa Catarina. Ele apontou as cheias no Vale e a BR-470 e ela aprovou as reivindicações. Há um compromisso do governo federal em ajudar na segunda etapa também e nós já temos os projetos.
Não sabemos ainda, quanto conseguiremos de recursos, mas temos certeza que conseguiremos a verba para fazer as obras.
Projeto Jica: primeira etapa
Sobre-elevação de barragens de contenção de cheias em Taió e Ituporanga: a primeira amplia a capacidade de 83 milhões de metros cúbicos para 99 e, a segunda, de 93 para 110 metros cúbicos. Investimento:
R$ 60 milhões
Aquisição e instalação de um radar meteorológico em Lontras: o projeto vai dar cobertura a 77% do território de Santa Catarina. Investimento:
R$ 8 milhões
Melhoramento fluvial: engloba questões, como dragagem do rio, alargamento e desapropriações e instalação de duas comportas no Rio Itajaí-Mirim. Investimento:
R$ 94 milhões
Construção de quatro pequenas barragens: No Rio Trombudo (duas) e Rio das Pombas (duas), no Vale do Itajaí. Investimento:
R$ 122,4 milhões
Construção de três pequenas barragens no Rio Taió: serão (uma), no Rio Perimbó (uma) e Rio Braço do Trombudo (uma), no Vale do Itajaí. Investimento:
R$ 87,9 milhões
Construção de uma barragem de médio-porte: no Rio Itajaí-Mirim, em Botuverá. Investimento:
R$ 95 milhões
Melhoramento de rios e construção de cerca de cinco pontes: Nas cidades de Taió, Timbó e Rio do Sul. Investimento:
R$ 114 milhões
Implantação do sistema de monitoramento de alerta e alarme do Estado: capaz de alertar os municípios a respeito de previsões climáticas preocupantes. Investimento:
R$ 25 milhões
Veículo: Jornal Metas.
Edição: 1049.
Editoria: 5 anos da tragédia.
Página: A14 e A15.