Além de receber recursos do governo para cobrir o orçamento de 2008, que deverá ultrapassar R$ 85 bilhões por causa do aumento da procura por crédito a partir de outubro, o BNDES está agora recebendo dinheiro oficial para reforçar o caixa da crise. O banco já recebeu até agora R$ 19 bilhões, sendo R$ 5 bilhões para financiar operações de produção para exportação denominadas pré-embarque, mais R$ 4 bilhões para investimento e capital de giro de alguns setores específicos da linha Revitaliza, como calçados, têxteis e software e mais R$ 10 bilhões para capital de giro e pré-embarque. Ontem, o Conselho do FAT (Codefat) destinou uma linha de reforço de R$ 5,2 bilhões para o BNDES, para o Banco do Brasil e para a Caixa Econômica Federal.
O dinheiro do Revitaliza será dividido em partes, sendo R$ 1 bilhão para créditos a serem repassados em 2008 e R$ 3 bilhões para engordar o caixa do BNDES em 2009. Até agora, todo dinheiro adicional que chegou ao cofre do BNDES está carimbado para gastos em 2008, incluídos os R$ 27,2 bilhões repassados pelo Tesouro, dos quais o banco já recebeu R$ 22,5 bilhões, mais R$ 9,5 bilhões do FAT, R$ 6 bilhões em Certificados de Variação Salarial (CVCs) já obtidos e gastos. No momento, o banco ainda aguarda R$ 7 bilhões do Fundo de Infra-Estrutura do FGTS.
Os R$ 5 bilhões anunciados em setembro para reforçar a linha de pré-embarque do BNDES-Exim, garantindo recursos para produtos para exportação, começaram a operar na semana passada. Os agentes financeiros já apresentaram ao BNDES pedidos de empréstimo de tomadores no valor de US$ 500 milhões ou mais de R$ 1 bilhão em apenas uma semana.
A grande preocupação do presidente do BNDES, Luciano Coutinho, é o funding para 2009, ano em que o banco tem pela frente uma expectativa de demanda superaquecida, face à crise de crédito global. Até agora pingou pouca coisa no pires de Coutinho para o ano que vem. Além dos R$ 3 bilhões do Revitaliza, tem negociados R$ 5,6 bilhões com agências internacionais do Japão e Banco Mundial e promessas de mais R$ 3 bilhões com os organismos internacionais. Também confia que poderá contar com os dividendos de seu balanço deste ano para fazer caixa. Ele trabalha com uma expectativa conservadora de um orçamento acima de R$ 90 bilhões.
Veículo: Jornal Valor Econômico.
Editoria: Brasil.
Jornalista: Vera Saavedra Durão, do Rio.