BRASÍLIA – Após sete meses de negociações entre governo, bancadas ruralistas e entidades ambientais, o Senado aprovou ontem, por 58 votos contra oito, o texto-base do novo Código Florestal.
Até as 23h, no entanto, os senadores seguiam apreciando em separado 78 emendas apresentadas por parlamentares. Após votação destas propostas de mudanças é que o texto seguirá para a Câmara, onde precisa ser analisado mais uma vez. Só depois disso ele poderá ser encaminhado para sanção da presidente Dilma Rousseff.
Apesar dos esforços do PSOL para criar obstáculos regimentais que adiassem a análise do Código Florestal, o acordo pavimentado na última semana entre governo e oposição facilitou a discussão do projeto.
Os dois relatores da proposta no Senado aproveitaram o horário do almoço para costurar os derradeiros detalhes. Responsável pelo texto aprovado na Comissão de Agricultura, o senador Luiz Henrique da Silveira (PMDB-SC) se sentou à mesa com colegas ligados ao agronegócio para combinar o rito da votação.
Sacramentaram que as emendas apresentadas ao projeto seriam votadas em blocos. Simultaneamente, o autor do texto da Comissão de Meio Ambiente, senador Jorge Viana (PT-AC), se reunia com a bancada petista para repassar as orientações do Planalto.
Embora tivessem fechado um acordo para a votação, a oposição tentou, minutos antes do início da sessão, condicionar a apreciação do código à análise da Emenda 29, que aumenta os recursos para a saúde. No entanto, a pedido do Planalto, o líder do governo na Casa, Romero Jucá (PMDB-RO), ignorou o acerto feito na semana passada. Para revolta dos adversários políticos, apresentou um requerimento invertendo a pauta.
Indignado, o líder do DEM no Senado, Demóstenes Torres (GO), protagonizou o momento mais tenso da sessão. Cobrou que o presidente da Casa, José Sarney (PMDB-AC), honrasse o acordo. Ao tentar contornar o mal-estar, Sarney foi cortado pelo democrata. Mais tarde, Torres pediu desculpas.
Veículo: Jornal de Santa Catarina
Edição: 12394
Editoria: Política
Página: 4