FLORIANÓPOLIS – Depois de meses de discussão e de três horas de espera na reunião de ontem de manhã, foi apresentada a proposta de implantação gradual de um campus da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) em Blumenau, a partir da estrutura da Furb. O plano foi exposto oficialmente pela primeira vez em reunião do Conselho Universitário da UFSC, em Florianópolis. Apesar do debate rápido, em decorrência da estendida discussão no tema anterior da pauta a doação de um terreno da UFSC para a prefeitura da Capital , o reitor da Furb, João Natel, tirou dúvidas sobre a incorporação. Natel falou de como ficaria a situação de professores, servidores e alunos na transição, o que não foi detalhado no projeto encaminhado ao Ministério da Educação (MEC), em dezembro do ano passado. O documento prevê a instalação gradual de 6,3 mil novas vagas até 2020 a partir do segundo semestre deste ano.
Durante o encontro, Natel explicou que os professores e servidores atuais da universidade atuariam na Federal por meio de uma "cedência". A substituição seria feita de forma gradual, conforme ocorressem concursos para o preenchimento de novas vagas. Os profissionais atuais que não passassem nos processos seletivos continuariam como funcionários municipais, veiculados à instituição.
– Não queremos transformar todo mundo em funcionário público sem concurso – explicou Natel.
Em relação aos alunos, segundo o reitor, a gratuidade seria apenas para os novos ingressos, por meio do vestibular, nos cursos previstos pela Federal. Os alunos que já frequentam a Furb ou que quisessem cursar faculdades não previstas pela Federal continuariam pagando as mensalidades.
Previsão é que a transição dure de seis a oito anos
A arrecadação seria repassada para a prefeitura ou para a UFSC, até que a instituição se "equalizasse" como federal. A intenção é que, aos poucos, os cursos da Federal se expandissem, regredindo os da Furb. A previsão é que a transição dure de seis a oito anos. A proposta prevê que, neste período, convivam alunos, professores e servidores da Furb e da Federal.
– Será um caminho, uma travessia necessária – destacou Natel.
Natel ainda apresentou um breve raio-x da Furb e falou da "saúde financeira" da instituição. Mas ressaltou como uma universidade federal poderia ter impactos sociais positivos e contribuir para o desenvolvimento do Vale do Itajaí. Tanto o reitor da Furb como o reitor da UFSC, Alvaro Prata, cogitam também que, no futuro, a Furb se torne uma terceira Federal do Estado, junto com a UFSC e a Federal da Fronteira Sul. Nesse caso, a UFSC poderia ser uma "tutora" no processo de transição.
O clima foi bom na apresentação da proposta, mas houve questionamentos. Em relação à assistência estudantil, Natel destacou que não há como se implantar Restaurante Universitário ou moradia para os estudantes na atual situação da Furb, pela baixa capacidade de investimento da instituição. Mas os reitores destacaram que os estudantes da Federal não ficarão desamparados.
– É um processo em construção. Há questões não respondidas na totalidade – completa Alvaro Prata.
Data: 14 de março de 2012
Veículo: Jornal de Santa Catarina
Edição: 12477
Editoria: Política
Página: 4
Jornalista: Gabrielle Bittelbrun