Inaugurado no ano passado, o Complexo Penitenciário da Canhanduba, em Itajaí, teve origem nos mesmos moldes do projeto que o Deap pretende implantar no Médio Vale. O Estado procurou os municípios de Itajaí, Balneário Camboriú e Camboriú para pedir uma área onde fosse construída a penitenciária. Por meio do consórcio entre as três cidades, foi adquirida uma área no Bairro Canhanduba, em Itajaí. Atual secretária de Segurança local, Susi Bellini fez parte da Comissão Intermunicipal de Segurança Pública (Cisp) das três cidades, que acompanhou de perto a construção da estrutura prisional. Segundo ela, a nova unidade auxiliou bastante para resolver o problema de superlotação nos presídios da região. Susi, porém, afirma que nenhuma contrapartida foi dada a Itajaí com a construção da penitenciária. Confira a entrevista da secretária:
Santa – Como foi o processo de decisão sobre o local de construção da Penitenciária de Canhanduba?
Susi Bellini – Na verdade, fica bastante antipático construir uma penitenciária. A população foi bastante contra, mas quero te dizer que, se não fosse construída a atual unidade e os prefeitos não tomassem uma decisão desse nível, a situação nos nossos presídios estaria muito pior. Em 2008, o Estado veio atrás dos municípios e houve uma rejeição da população. Mas os prefeitos da época bancaram a decisão e fizeram um consórcio para compra do terreno. Foi escolhida uma área em Itajaí, mas próxima aos três municípios.
Santa – Itajaí recebeu alguma contrapartida do Estado em relação a obras que trouxessem benefícios para a cidade?
Susi – Nada. Não teve nenhuma negociação nesse sentido, não específico em contrapartida. Nada em Itajaí. Acredito que nos outros municípios também não.
Santa – O que a senhora diria aos prefeitos do Médio Vale que discutem agora a instalação de uma penitenciária na região?
Susi – Que eles pensem que os presos precisam ter condições de ressocialização. Que possam ter espaço para capacitação, estudos e trabalho. Espero que os prefeitos conversem com as empresas para que eles instalem unidades dentro da penitenciária com a intenção de ressocializar os presos. Em Itajaí, formamos 30 homens em curso de solda e até empresas de Joinville tentaram contratar eles para trabalhar lá. É possível, sim, mudar a atual situação de maior índice de reincidência.
Veículo: Jornal de Santa Catarina.
Edição: 12765.
Editoria: Segurança.
Página: 16.
Jornalista: Ânderson Silva (anderson.silva@santa.com.br).