Os perigos da Guilherme Jensen

Quem passa pelo trecho blumenauense da Rodovia Guilherme Jensen (SC-474, que passará a ser chamada de SC-108), que vai até a BR-101, sabe o quão perigosa ela é. Além das imprudências e do fluxo diário de quase 38 mil veículos, as lombadas eletrônicas estão desativadas e os pontos de retorno para reduzir o risco de acidentes não foram todos instalados. Quinta-feira, a estrada ganhou a segunda colocação no ranking das rodovias estaduais mais perigosas de Santa Catarina. Só em 2012, foram 71 acidentes e 20 pessoas mortas. A solução apontada para diminuir os problemas é a construção do prolongamento da Via Expressa, obra que ainda não tem data para sair do papel.

O relatório das rodovias mais perigosas é feito pela Polícia Militar Rodoviária (PMRv) e usa um cálculo que leva em conta os tipos de acidentes, com ou sem mortes, feridos e danos materiais e dá origem à Unidade de Padrão de Severidade (UPS). A Guilherme Jensen teve UPS 351. O primeiro lugar no ranking ficou com a SC-438, entre Lages e Tubarão, que teve UPS 504. Foram 72 acidentes e 31 mortes no ano passado. O Vale ainda tem outras seis rodovias no ranking (veja tabela).

Às margens da Rodovia Guilherme Jensen estão instaladas casas, comércios, indústrias e três escolas. Muita gente usa bicicleta como meio de locomoção e a circulação de pessoas é intensa no trecho que corta a Itoupava Central, bairro mais populoso de Blumenau, com 28 mil pessoas. Para o comandante da 3º Companhia da PMRv, major Mauro Palma Rezende, o intenso vai e vem de pessoas é o maior problema da rodovia:

– É um trecho que mistura tráfego urbano e rodoviário. São pedestres, ciclistas, carros, veículos de carga. É um trecho em que o condutor precisa ter atenção extrema – pondera.

Moradora do bairro, a açougueira Elisangela Fernandes caminha pela margem da rodovia para as atividades diárias, como, por exemplo, ir ao supermercado. Acha que os pontos de retorno – seriam seis, mas apenas dois, no trecho com mais movimentação de pessoas, foram concluídos desde o início da obra, em 2011 – trouxeram benefício para os pedestres, mas prejuízo aos motoristas:

– Melhorou para atravessarmos, mas tem vezes que os motoristas não respeitam o sinal vermelho. Tem que ficar atenta. Para os motoristas não ficou bom. As filas são grandes, não só no horário de pico. Bom mesmo seria que colocassem passarela – opina.

Veículo: Jornal de Santa Catarina.
Edição: 12784.
Editoria: Geral.
Página: 24.
Jornalistas: Priscila Sell (priscila.sell@santa.com.br) e Sarita Gianesini (sarita.gianesini@santa.com.br).