Em duas décadas, o Brasil deu um salto de 47,5% no ranking de desenvolvimento humano, saindo do nível "muito ruim" para o considerado "alto". Isso é o que mostra a última atualização da pesquisa da ONU que lista os 5.565 municípios do país a partir dos índices de longevidade, educação e renda.
Santa Catarina é uma das alavancas do bom resultado: Florianópolis aparece na tabela como a melhor entre as capitais brasileiras – ocupando o terceiro lugar geral, atrás apenas de São Caetano do Sul e Águas de São Pedro, interior de São Paulo. Outras 10 cidades catarinenses também estão entre as 50 com as médias mais altas do país.
Os dados são do Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil 2013, que tem como base de cálculo os Censos de 1991, 2000 e 2010. Santa Catarina se destaca, principalmente, pelos índices de longevidade – ocupa a segunda posição no ranking das unidades federativas. Isso significa que, em duas décadas, a expectativa de vida aumentou seis anos. Pela escala, passou de 70,16, no primeiro ano da pesquisa, para os atuais 76,61 anos.
– A longevidade é calculada a partir da tábua de sobrevivência do próprio Estado. Se a expectativa de vida é tão alta é porque existe mortalidade infantil baixa. É um destaque positivo, o que ajudou a puxar para cima o IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) geral dos municípios do Estado – observa Marco Aurélio Costa, coordenador do Atlas pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), parceiro da ONU no estudo.
Para o cálculo da pesquisa foram usados os índices do IDHM (Índice de Desenvolvimento Humano Municipal), que é uma versão local do IDH. Vai de zero a um: quanto mais próximo do zero, pior o desenvolvimento humano do município; quanto mais próximo do um, melhor. Nenhuma cidade catarinense teve média considerada como ruim ou muito ruim. O pior desempenho foi de Cerro Negro, no Oeste, com índice 0,621 – o que representa pontuação média.
Florianópolis teve índice calculado em 0,847, considerado como "muito alto". Ainda assim, o aumento do IDH nas últimas duas décadas – de 24,38% – não acompanha as médias estadual (42,54%) e nacional (47,5%).
Crescimento abaixo da média brasileira
Carlos José Espíndola, professor da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) com pós-doutorado em Geografia Humana, diz que a qualidade de vida no Estado tem atraído cada vez mais novos moradores – principalmente no que ele chama de faixa litorânea, que concentra 50% das riquezas e metade da população. E explica que se SC não estiver preparada para receber tanta gente, com infraestrutura suficiente, o "inchaço", no futuro, pode representar um risco para os bons índices.
– É como numa balança, às vezes um índice compensa o outro e a pontuação se mantém. Mas deve-se ter atenção: quanto mais gente nas cidades, mais pacientes nos hospitais, mais crianças na escola e mais carros nas ruas.
Veículo: Jornal de Santa Catarina.
Edição: 12906.
Editoria: Geral.
Página: 13.