Que o Papai Noel mora no Polo Norte até as criancinhas sabem, mas a existência do lar de um ajudante incomum ainda é novidade para visitantes do Vale do Itajaí. A tradição do Pelznickel, conhecido como Papai Noel do Mato, chegou a terras catarinenses em 1862 junto com os imigrantes alemães que colonizaram Guabiruba e se mantém viva até hoje.
Há três anos a Pelznickelplatz, moradia dos personagens no bairro Imigrantes, é sucesso entre crianças e adultos. Em 2013, o local recebeu 10 mil pessoas e o sucesso deve ser ainda maior neste ano já que um vídeo divulgado nesta semana no Facebook da prefeitura de Guabiruba – agora conhecida como Terra do Pelznickel – teve 34 mil visualizações e 1,3 mil compartilhamentos.
A intenção do grupo é ampliar o espaço para receber mais visitantes. A estrutura foi erguida pelos integrantes da Sociedade do Pelznickel, que hoje conta com mais de 60 pessoas.
– Certo dia um dos integrantes sugeriu construir uma casa para o Pelznickel. No mesmo mês transformamos a nossa sede na Pelznickelplatz. A cada ano vamos melhorando, mas em breve acreditamos que o local vai ficar pequeno para o número de visitantes – conta o presidente da Sociedade, Ivan Fischer, que quando criança temia o assustador ajudante.
Com correntes e chicotes em mãos, de 11 a 13 figuras monstruosas com chifres e a roupa coberta de barba de velho saem do mato para aterrorizar crianças que não se comportaram durante o ano e parabenizar aquelas que cumpriram suas tarefas. Na casa do ajudante de São Nicolau (o Papai Noel), as crianças conhecem a tradição ao lado da família nos dias em que ele não está ajudando o Bom Velhinho.
Pelznickelplatz
Rua Nicolau Schaefer, 647, Guabiruba. Dias 12, 13, 19 e 20, das 19h às 23h, e dia 21, das 16h às 20h. Gratuito.
Origem do nome
Pelz, em alemão, pelagem e nickel, o diminuitivo de Nicolau.
Tradição de pai para filho
A Sociedade do Pelznickel foi fundada em 2005 para reunir os interessados em manter viva a herança germânica. Começou com 30 integrantes. Mas antes disso algumas pessoas fantasiadas de monstros passeavam pela cidade para cobrar o bom comportamento das crianças no Dia de São Nicolau – 6 de dezembro – e no dia 24, véspera do Natal.
– Meu avô de 95 anos conta que quando ele era criança o Pelznickel já existia. A tradição passa as gerações. Meus filhos filhos querem ser Pelznickel quando crescerem – conta Vandrigo Kohler.
O trabalho do grupo é voluntário e os integrantes se dedicam no tempo livre. Com o passar do tempo a prática se modificou, já que durante anos as crianças levavam varinhas de marmelo nas pernas e palmadas a pedido dos pais. Hoje a intenção é cobrar bom comportamento de maneira mais amigável e até simpática.
CURIOSIDADES |
– Segundo a tradição, o Pelznickel só sai do mato para cobrar o bom comportamento das crianças em 6 de dezembro, Dia de São Nicolau, e em 24 de dezembro, véspera de Natal. |
– A roupa é feita artesanalmente com folhas, barba de velho e chifres. Alguns usam capacetes para sustentar os chifres. |
– As barbas de velho usadas na confecção das roupas são retiradas de uma fazenda em Rio dos Cedros. A intenção do grupo é iniciar o plantio da árvo |
Resgate do Natal alemão
Entre as novidades deste ano em Guabiruba estão a visita de estudantes a Pelznickelplatz e a produção da Revista do Pelznickel, composta pela história, quadrinhos e passatempo. O projeto da Sociedade do Pelznickel foi custeado pelo Fundo Municipal de Cultura e a revista em quadrinho distribuída aos alunos da rede municipal.
De acordo com o superintendente da Fundação Cultural de Guabiruba, Gilmar José Celva, a parceria tem dado certo e divulgado a cultura guabirubense:
– Além de valorizar a tradição alemã dos imigrantes, a Pelznickelplatz soma ao divulgar a lenda de São Nicolau.
Veículo: Jornal de Santa Catarina.
Edição: 13328.
Seção: Notícias.
Página: 16.
Jornalista: Pamyle Brugnago (pamyle.brugnago@santa.com.br).