Reunidos na tarde da última sexta-feira (15), prefeitos dos municípios do Médio Vale do Itajaí entregaram à coordenadora geral de doenças transmissíveis do Ministério da Saúde, Marcia Carvalho, a reivindicação de liberação de 500 mil doses da vacina contra o vírus H1N1. O encontro, realizado na Secretaria de Desenvolvimento Regional de Blumenau, contou ainda com a presença de secretários e técnicos municipais de Saúde, lideranças políticas e empresariais, além do secretário de Estado da Saúde, Dalmo de Oliveira.
Segundo presidente da AMMVI, Carlos Alberto Pegoretti, prefeito de Rodeio, o pedido leva em consideração a preocupação dos prefeitos diante do número elevado de contaminações e óbitos decorrentes da gripe A na região. "Pretendemos imunizar grande parte da população, pois muitos que não estão no grupo de risco estão adoecendo", explica.
Para o prefeito de Blumenau, João Paulo Kleinübing, a iniciativa de imunizar grande parte da população contribui não só para a prevenção, mas também ajuda a deixar as pessoas mais seguras e diminuir a sensação de apreensão vivida atualmente.
Decorrente dessa instabilidade, o prefeito de Brusque, Paulo Eccel, alerta para a mercantilização da vacina, pois os laboratórios que fabricam o produto estão praticando preços abusivos e oferecendo as doses aos órgãos públicos e entidades privadas a valores cada dia mais altos. "Com esta venda indiscriminada, não sabemos de que forma essas vacinas estão sendo armazenadas e distribuídas, comprometendo ainda mais a qualidade e efeito do produto", analisa Maria Regina de Souza Soar, secretária municipal de Saúde de Pomerode.
Diante da negativa do Ministério da Saúde pelo fornecimento de mais doses à região, o prefeito de Indaial em conjunto com os demais prefeitos, solicitou que o Ministério pelo menos forneça a vacina aos municípios a custos mais acessíveis, para que possam garantir a imunização da população sem cair na exploração dos laboratórios.
O prefeito de Pomerode, Paulo Maurício Pizzolatti, sugeriu ainda ao secretário Dalmo que as sobras de vacinas de outros estados sejam enviadas à região, potencializado o que já se tem e sem custos para os municípios que, segundo ele, estão arcando com os custos das internações que ultrapassaram as cotas do Sistema Único de Saúde (SUS).
Prevenção
Conforme a coordenadora do Ministério da Saúde, Marcia Carvalho, a vacina objetiva diminuir o risco de fazer doença grave e, por isso, não é uma medida que deve ser aplicada massivamente, e sim ser direcionada aos grupos de risco. Por isso, segundo ela, a vacina contra o vírus H1N1 não é medida preventiva.
Como prevenção, Carvalho aponta corretos hábitos de etiqueta respiratória, higiene de mão e ventilação em ambientes fechados. Conforme ela, a intenção de uma imunização massiva é equivocada, uma vez que tais hábitos já protegem a população contra a disseminação do vírus.
Apesar de contestada pelas autoridades públicas, a posição do governo federal de descartar o envio de mais doses da vacina foi mantida. Com isso, a AMMVI, através do Consórcio Intermunicipal de Saúde do Médio Vale do Itajaí (CIMVI), analisa a possibilidade de efetuar uma compra da vacina em conjunto com os municípios interessados, a fim de pleitear preços mais acessíveis. Diante disso, analisa Pegoretti," novamente os municípios estão tomando frente e arcando com responsabilidades da União".
Números
Segundo o último balanço divulgado pelo Estado, 268 casos de gripe A foram confirmados em Santa Catarina, dos quais 21 resultaram em óbito. A região do Médio Vale do Itajaí é a mais atingida até o momento, com 12 mortes.
Os dados apresentados da reunião mostram que, proporcionalmente à população, os municípios de Timbó, Rio dos Cedros, Rodeio, Brusque, Blumenau e Indaial são os mais atingidos. Em Blumenau e Brusque, a taxa de letalidade está em 10%.
Michele Prada, Ascom AMMVI.