Número de mortos no Estado pode passar de 100

FLORIANÓPOLIS – A Defesa Civil de Santa Catarina estima em mais de 100 os mortos em decorrência das chuvas no Estado. Até as 20h de ontem, foram contabilizados 84 óbitos e 36 pessoas estavam desaparecidas. Dezenove das vítimas fatais confirmadas são de Blumenau. Pelo balanço oficial, cerca de 60 mil pessoas estão desalojadas.

Em todo o Estado, oito municípios decretaram estado de calamidade pública: Itajaí, Blumenau, Ilhota, Gaspar, Rio dos Cedros, Nova Trento, Camboriú e Benedito Novo. Outros sete estão em situação de emergência (Balneário Piçarras, Canelinha, Indaial, Penha, Paulo Lopes, Presidente Getúlio e Rancho Queimado).

Quatro rodovias federais e nove estaduais continuam interditadas. A situação mais crítica é a do km 235 da BR-101, em Palhoça, na Grande Florianópolis, cujas pistas devem ser liberadas apenas no sábado. Os caminhoneiros que ficaram presos começam a enfrentar dificuldades. Depois de ver o preço dos alimentos saltarem nas mercearias, eles foram impedidos de comprar. Como ficou impossível a chegada de produtos, os comerciantes priorizaram os moradores da região. O caminhoneiro Sérgio Padilha, 37 anos, explicou que é preciso viajar até a vizinha Paulo Lopes para comprar comida e água potável.

O Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo (IPT) está enviando pesquisadores especialistas em solo para colaborar com a Defesa Civil na avaliação e na prevenção dos deslizamentos de terra. Com a diminuição da chuva, aumenta o risco de soterramentos, por causa da grande quantidade de água que se infiltrou no solo e nas encostas.

Segundo as Centrais Elétricas de Santa Catarina (Celesc), cerca de 103 mil residências permaneciam sem luz por volta das 20h de ontem. De acordo com a Celesc, os constantes deslizamentos impedem os trabalhos para restabelecer a energia e dificultam o início dos consertos em várias áreas atingidas.

Um engenheiro chegou a afirmar, enquanto trabalhadores tentavam erguer postes para o restabelecimento de energia em 50% da cidade, que o trabalho não evolui.

– A terra não segura. Os postes não conseguem ficar de pé. É como se a gente estivesse fixando postes em gelatina – comentou.

Outra grande preocupação reside na proliferação de doenças. Técnicos especializados na prevenção, incluindo de leptospirose, estão sendo convocados de vários Estados. A Secretaria de Saúde de SC também começou a trabalhar em uma campanha de prevenção. Serão acionados helicópteros – cujos tripulantes usarão megafones, para atingir moradores de cidades que estão sem energia.

Veículo: Jornal de Santa Catarina.
Edição: 11479.
Editoria: Geral.