BLUMENAU – A Secretaria de Obras recebe diariamente uma média de 200 pedidos para limpeza da tubulação por onde escoa a água da chuva. O número é 10 vezes maior que a demanda desde a catástrofe de novembro.
Em razão da obstrução dos canais de escoamento, mais ruas ficam alagadas com as tempestades de verão. A chuva carrega lodo dos morros e entulhos para dentro da tubulação, através das bocas-de-lobo. O material se solidifica nos canos como se fosse concreto, impedindo a passagem da água, explica Éder Lúcio Marchi, o ex-diretor de Manutenção de Bairros da Secretaria de Obras, que hoje assume a Secretaria de Serviços Urbanos e Fiscalização. O técnico hidrometrista Mário César de Oliveira, da Furb, aponta a gravidade do problema:
– Basta chover entre 10 e 15 milímetros por 10 minutos para muitas ruas, que antes não alagavam, ter problemas.
Desobstrução da tubulação é feita com dois caminhões
Segundo Marchi, não é possível atender todos os pedidos. A secretaria tem uma equipe para desobstruir a tubulação e a preferência, explica o secretário, é dos casos considerados graves, como corredores de serviços ou ruas que ficam inteiramente alagadas onde há maior concentração de moradores.
– Trabalhamos inclusive aos finais de semana e mesmo assim não damos conta – argumenta Marchi.
Para atender mais pedidos, a prefeitura pediu ajuda ao governo federal. Segundo Marchi, há três semanas a prefeitura solicitou ao Ministério das Cidades recursos para recuperar a infraestrutura. Entre os pedidos, está a contratação, por um ano, de três conjuntos de limpeza para a tubulação. A hora da máquina para este trabalho custa em torno de R$ 350, incluindo equipamento e operários. O município ainda não teve resposta da União.
– Também estamos tentando viabilizar a compra de mais um caminhão de hidrojateamento (específico para o serviço) com dinheiro próprio da prefeitura – conta.
A desobstrução da tubulação de escoamento pluvial é feita em Blumenau com dois caminhões de hidrojateamento, equipados com mangueira. Um deles desloca o lodo solidificado dentro da tubulação e o outro suga o material. Os modelos mais novos destes caminhões – os de Blumenau são do início dos anos 80 – contemplam as duas funções e custam em torno de R$ 1 milhão.
Crescimento urbano agrava alagamentos
Há outros agravantes para os alagamentos. O crescimento urbano é um deles. Segundo o engenheiro civil Ademar Cordero, professor de Drenagem Hidráulica e Hidrologia do curso de Engenharia Civil da Furb, antigamente havia menos construções e mais água penetrava naturalmente no solo:
– As construções impermeabilizaram o solo, e o escoamento depende mais das bocas-de-lobo.
Em algumas ruas, o problema ocorre porque a tubulação rompeu. Segundo Éder Lúcio Marchi, secretário de Serviços Urbanos e de Fiscalização, a ruptura ocorre principalmente nos canos instalados há mais de 40 anos. Cerca de 95% do esgoto sanitário de Blumenau escoa na mesma tubulação da água da chuva, até os ribeirões e Rio Itajaí-Açu.
– O esgoto tem dejetos ácidos que corroem a tubulação – explica Marchi.
A ruptura é identificada quando a equipe da Secretaria de Obras atende a um pedido de desobstrução. Nesse caso, o encanamento é substituído por tubos novos.
Veículo: Jornal de Santa Catarina.
Edição: 11541.
Editoria: Geral.
Jornalista: Daiane Costa (daiane.costa@santa.com.br).