Gaspar vive há dois anos sem hospital

GASPAR – O Hospital Nossa Senhora do Perpétuo Socorro completa hoje dois anos de portas fechadas. Desde junho do ano passado, obras garantem nova fachada e estrutura ao prédio, que deve ser reaberto no início do segundo semestre. A reforma, inicialmente prevista para ser concluída em seis meses, estendeu-se com a intenção de modernizar toda a infraestrutura da antiga construção, fundada em 1956.

– O impacto com o fechamento do hospital é imensurável. Como estamos entre a BR-470, SC-470 e SC-411, atendíamos aos acidentes das três rodovias. Mas o hospital necessitava de uma reestruturação – reconhece o presidente do Grupo Gestor do hospital, Samir Buhatem.

A estimativa de Buhatem é de que em 90 dias a estrutura física da obra esteja pronta. Ele lembra, no entanto, que a inauguração depende da liberação de cerca de R$ 5 milhões do governo do Estado para aquisição de móveis e equipamentos. Até agora, foi investida na obra metade deste valor com recursos dos governos municipal e estadual e doações da comunidade e empresários. Buhatem atribui a demora da reabertura a processos burocráticos, já que o hospital é filantrópico.

– É de se lamentar o fechamento do hospital por todo esse tempo. Toda a demanda caiu sobre Blumenau. Mas a perspectiva é boa com a reabertura – vislumbra o diretor-executivo do hospital, Hatem Grassmann.

Quando fechou, a unidade atendia cerca de 3,5 mil pacientes por mês no pronto-socorro.

– Faz muita falta um hospital. Como minha gravidez era de alto risco, fui internada três vezes, todas em Blumenau. Não há como existir uma cidade sem hospital – reclama Tanara Fernanda Biedermann, 17, que teve a filha em Blumenau.

 

A reforma

Novidades

– O prédio terá sistema preventivo de incêndio

– Terá 85 leitos, 12 a menos que o antigo. A administração não prevê prejuízos já que a média de ocupação era de 33 leitos

– Os apartamentos foram adaptados às normas da Agência Nacional de Vigilância Sanitária

– O telhado foi substituído por um material ecológico e a parte elétrica foi refeita

– As portas foram adaptadas para ter 1m20cm de largura, o que permitirá a passagem de macas. Banheiros foram adaptados para cadeirantes

Estrutura

– A estrutura será composta por pronto-atendimento, centro cirúrgico, centro obstétrico, pediatria e maternidade, centro de imagem e laboratório, clínica médica e cirúrgica, apartamentos, farmácia, centro administrativo e recepção, área de nutrição e cozinha, treinamento e atendimento a funcionários, estação de efluentes, alameda de serviços, lanchonete e estacionamento

– O hospital terá convênio com o SUS e outros planos de medicina de grupo e particulares

– As especialidades médicas serão anestesiologia, cardiologia, cirurgia geral, cirurgia torácica, angiologia, pediatria, ginecologia/obstetrícia, urologia, ortopedia, endocrinologia, neurologia, clínica médica e cirurgia videoartroscopia

Fonte: Grupo Gestor do Hospital

Prefeitura faz repasse mensal de R$ 130 mil para obras

Para suprir a demanda, a prefeitura de Gaspar abriu o Centro de Acolhimento de Risco (CAR), anexo ao Posto de Saúde Central, após o fechamento do Hospital Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, em 2007. Desde fevereiro, a unidade presta serviços de emergência 24 horas por dia. A Secretaria de Saúde também faz repasses mensais de R$ 130 mil para ajudar na conclusão das obras.

O hospital foi fechado em razão de dificuldades operacionais e de instalações. Para o secretário de Saúde de Gaspar, Francisco Hostins Júnior, a crise que levou ao fechamento do hospital é resultado de um processo longo.

– Penso que o fechamento não seria necessário. Mas como havia muitas dívidas, optou-se por isso. A maioria dos atendimentos, em torno de 85%, era feita através do SUS, o que inviabiliza um hospital. A diária paga pelo SUS para internação é insuficiente para pagar os custos. Também havia problemas de gestão, o que acumulou um déficit muito grande – considera.

Veículo: Jornal de Santa Catarina.
Edição: 11578.
Editoria: Geral.
Jornalista: Magali Moser (magali.moser@santa.com.br).