Os estudantes brasileiros com idade entre 4 e 17 anos ficam, em média, 3,8 horas por dia na escola, menos que a jornada mínima prevista pela Lei das Diretrizes Básicas da Educação, que é de quatro horas diárias para os níveis fundamental e médio. Na faixa etária de 7 a 14 anos, recordista no país em números de matrícula, a taxa é de 4,2 horas por dia. Já entre os que têm de 15 a 17 anos, período que compreende o Ensino Médio, o número de horas diárias que o estudante passa na escola cai para 3,5.
Os dados fazem parte de um estudo divulgado ontem pela Fundação Getulio Vargas (FGV). De acordo com o ministro da Educação, Fernando Haddad, a permanência média dos estudantes brasileiros na escola é considerada "insuficiente".
"Por isso é que sou francamente favorável ao segundo turno sob a responsabilidade da escola, mas não necessariamente dentro da sala de aula. Com esse objetivo estamos instalando banda larga dentro da escola e investindo no programa Mais Educação. São expedientes que vão oferecer às escolas oportunidade de estender a jornada com atividades culturais, recreativas, esportivas", afirmou Haddad, que participou ontem da abertura do seminário sobre Metas da Educação, promovido pela FGV, no Rio de Janeiro.
Ainda durante o evento, o ministro informou que o objetivo do governo este ano é ampliar a adesão ao Mais Educação, atingindo, até o fim deste ano, 5 mil escolas localizadas principalmente em áreas de risco de regiões metropolitanas dos grandes centros urbanos. No ano passado, quando o programa foi executado em caráter piloto, 2 mil escolas participaram da experiência.
Por meio do Mais Educação, o governo federal repassa recursos para extensão da jornada escolar, que são depositados diretamente na conta corrente das escolas. Para atingir o objetivo, elas podem investir em itens variados, como instrumentos musicais e elementos para a quadra poliesportiva.
A pesquisa da FGV revela, ainda, que o tempo de permanência na escola, considerando-se a faixa etária entre 4 e 17 anos, é ligeiramente superior entre as mulheres (3,87 horas ante 3,83 dos homens). Entre as adolescentes que já são mães, o indicador tem redução mais forte, caindo para 0,87 hora. Quando a análise se faz por cor da pele, os brancos aparecem liderando o ranking (3,97 horas). Os negros ficam, em média, 3,83 horas na escola e os pardos, 3,74 horas.
Veículo: Jornal Valor Econômico.
Editoria: Brasil