BLUMENAU – Empresas de todo o país correm contra o tempo para se adequar à nova lei federal do Sistema Público de Escrituração Digital (Sped), que obriga a implantação da nota fiscal eletrônica (NF-e). Até dia 31 de agosto, 10 mil estabelecimentos comerciais e industriais do Estado, de 79 diferentes segmentos econômicos, terão de estar adaptados à nota eletrônica. De acordo com o gerente de Sistemas de Informações Tributárias da Secretaria Estadual da Fazenda, Inácio Erdtmann, neste momento nada muda para o consumidor final. A informatização dos cupons fiscais virá em uma próxima etapa, em 2010.
Os prazos de implantação variam de acordo com a atividade econômica exercida. Até o fim de agosto, tecelagens, fabricantes de fogões, máquinas de lavar e secar, fabricantes de papel, laticínios e fabricantes de equipamentos de informática, são alguns dos segmentos que terão de ter a nota fiscal de papel substituída pela eletrônica. A alteração ocorrerá nas transações entre comerciantes, fornecedores e indústrias.
O tecelão Clécio Dalla'Alba, de Gaspar, está empenhado em adaptar a empresa às novas regras do Fisco. O contador responsável pela tecelagem dele orientou sobre a implantação, mas o empresário, que emite 10 notas fiscais por mês, ainda busca informações sobre o processo. Dalla'Alba assistirá à palestra sobre a mudança que a Federação das Indústrias do Estado (Fiesc) promove amanhã, às 8h30min, no Grande Hotel, em Blumenau.
– Tenho de recadastrar meus clientes, implantar um programa para emitir a nota e aprender a lidar com tudo isso num prazo muito curto, com poucas informações a respeito – avalia Dalla'Alba.
Para o diretor Comercial da G2KA Sistemas, Gilson Chequeto, a falta de conhecimento, os custos e a lenta adaptação à tecnologia atrasaram a implantação:
– Tem aquele empresário que ainda acredita que o governo irá prorrogar o prazo da obrigatoriedade e há aqueles que acham o custo do sistema elevado – explica Chequeto.
O gestor de Canais da WK Sistemas, Marcio Tomelin, alerta que muitas empresas estão com códigos de Classificação Nacional de Atividades Econômicas (CNAEs) inadequados no cadastro de CNPJ. Este erro pode levar o empresário a acreditar que o seu negócio não é obrigado a aderir à NF-e.
– É muito importante que cada empresário tome conhecimento sobre a condição de sua empresa, do prazo, e dos investimentos necessários – explica Marcio Tomelin.
Serviço
Palestra sobre a NF-e – Amanhã, às 8h30min, no Grande Hotel Blumenau (Alameda Rio Branco, 21). Inscrições gratuitas. Informações pelo site www.ciesc.com.br/nfe ou pelo telefone (47) 3326-5158.
Entenda as mudanças (anexo)
Aumenta procura por softwares
Uma prova de que as empresas deixaram para aderir à nota eletrônica na última hora é a procura por softwares. Apesar de a Receita oferecer um programa gratuito, fabricantes locais desenvolvem sistemas com mais funcionalidades.
Segundo o diretor de Marketing e Vendas da G2KA Sistemas, Maicon Klug, 15 novos clientes surgiram este mês, praticamente um ano após a divulgação da obrigatoriedade pelo governo federal.
A Inventti havia vendido 100 licenças de um programa para emissão de notas até o fim do ano passado. Nos últimos seis meses, foram mais de 1,5 mil. A empresa contratou 10 funcionários.
– À medida em que o governo fecha o cerco a todos os segmentos comerciais, o nosso movimento cresce – avalia o sócio e diretor de Marketing e Vendas Reinaldo Pires de Oliveira.
"Haverá maior controle"
ENTREVISTA INÁCIO ERDTMANN, GERENTE DE SISTEMAS DA SECRETARIA DA FAZENDA
Para o gerente de Sistemas e Informações Tributárias da Secretaria Estadual da Fazenda, Inácio Erdtmann, a intenção da nota fiscal eletrônica é cruzar informações contábeis e fiscais, identificando fraudes e sonegações em toda a cadeia produtiva.
Jornal de Santa Catarina – Quais as vantagens da nota fiscal eletrônica?
Inácio Erdtmann – Hoje as empresas apresentam livros e notas fiscais em papel, que serão substituídos por arquivos eletrônicos. O Estado e as empresas terão maior controle sobre a arrecadação.
Santa – O que as empresas ganham?
Erdtmann – O controle tributário das empresas fica mais intenso e ágil. Um prédio todo de papel caberá num computador.
Santa- É vantajoso para a empresa usar o software gratuito da Receita?
Erdtmann – O software da Receita é para facilitar a vida de empresas de pequeno porte. A lei de mercado fez as empresas de software aproveitarem o momento e oferecerem um produto elaborado, com mais especificidades.
Veículo: Jornal de Santa Catarina.
Edição: 11690.
Editoria: Economia.
Página: 4.
Jornalista: Julia Borba (julia.borba@santa.com.br).