Lideranças da indústria e do comércio catarinense vão acatar as determinações do Ministério Público do Trabalho (MPT) para liberar gestantes do trabalho. Ontem mesmo empresas do Estado já começavam a mandá-las para casa. Em Santa Catarina, segundo a Secretaria da Saúde, 33 mil grávidas ocupam postos de trabalho.
Ontem, uma das maiores empresas do setor têxtil e de vestuário, a Malwee Malhas, de Jaraguá do Sul, decidiu afastar preventivamente, por dez dias, todas as funcionárias gestantes. Grávida de cinco meses, a costureira Adriane Griet, 23 anos, foi uma das beneficiadas.
– Confesso que estranhei um pouco, mas o que vou dizer? Se é para prevenir, é bom – disse a funcionária, surpreendida com a medida.
Até o momento, das dez vítimas de gripe A no Estado, duas eram grávidas. Outras 27 mulheres estão internadas com suspeita da doença e seis mortes estão em investigação. A medida preventiva é por tempo indeterminado, e a dispensa é aplicada quando não há possibilidade de as mulheres serem remanejadas para departamentos sem contato com o público ou para gestantes que dependam de transporte coletivo para ir ao trabalho.
O presidente da Câmara de Relações Trabalhistas da Federação das Indústrias do Estado de Santa Catarina (Fiesc), Durval Marcatto Júnior, teme que a determinação do Ministério Público contribua para a discriminação da mulher em idade fértil no mercado de trabalho.
– É claro que não somos contra os cuidados com a saúde, mas todas as ações têm que ser tomadas com muito bom senso. Da forma como foi colocada, há desdobramentos não favoráveis às gestantes – comentou.
Nota técnica da Saúde deu origem para a determinação
O procurador-chefe do Ministério Público, Acir Alfredo Hack, explicou que as gestantes têm liberdade para decidir sobre o afastamento de suas funções. A caixa Isabel Cristina da Silva está grávida de sete meses e disse ontem que seguirá em seu posto. Funcionária de uma loja infantil, no Centro da Capital, ela não acredita na eficácia da medida.
– Não estou aqui obrigada. Vim trabalhar porque acho que não existe lugar 100% seguro. Em casa, tenho contato com meu marido que trabalha e estuda. Há coisas que são inevitáveis. Não vou deixar de ir ao supermercado nem de pegar ônibus – comentou Isabel.
O presidente da Federação das Câmara de Dirigentes Lojistas (FCDL), Sérgio Medeiros, acredita que a medida não deve provocar muitas mudanças no comércio porque o percentual de mulheres grávidas no setor não é tão grande.
– Sei que as mulheres grávidas ficam com a imunidade mais baixa, mas temos que tomar cuidado para não criar um pânico desnecessário. Nossa orientação para os lojistas é sobre os cuidados com a higiene das mãos – destacou.
Segundo Acir Hack, a decisão do Ministério Público foi tomada em consequência de nota técnica divulgada pela Diretoria de Vigilância Epidemiológica (Dive) há 10 dias na qual havia uma série de precauções, entre elas a sugestão do afastamento das gestantes. Medida semelhante já havia sido adotada para servidoras públicas do Estado.
CRICIÚMA – A prefeitura de Criciúma decidiu encerrar o atendimento a pessoas com sintomas de gripe no hospital de campanha devido à redução no número de atendimentos.
FLORIANÓPOLIS – A Secretaria Turismo decidiu não cancelar eventos na Capital. Porém, qualquer ocasião que reúna mais de 50 pessoas deverá ter liberação da prefeitura.
EMERGÊNCIA – O prefeito de Florianópolis, Dário Berger, assinou decreto declarando situação de emergência na Capital enquanto a gripe A estiver classificada como pandemia.
MANAUS – A Secretaria de Saúde do Amazonas confirmou ontem a primeira morte no Estado por gripe A. No país já são 450 vítimas em decorrência da doença.
Veículo: Jornal Diário Catarinense.
Edição: 8535.
Editoria: Reportagem Especial.
Página: 4.
Jornalista: Nanda Gobbi.