Turismo autêntico

POMERODE – Basta o cliente chegar à porta para Sebastião Vilmar Bernardino levantar-se e ir ao seu encontro, recebê-lo. Mazico, como é conhecido o neto de portugueses que se diz apaixonado por Pomerode, vai de mesa em mesa, senta, conversa, conquista. A acolhida inclui explicações sobre o pequeno acervo de peças da imigração alemã, a história da construção enxaimel de 1913 que abriga o restaurante ou do marreco recheado, prato principal da casa. Aos finais de semana, músicos entoam canções alemãs. A pitoresca recepção, típica da cidade alemã, garantiu ao Restaurante Wunderwald e outros 20 atrativos pomerodenses divulgação nacional. A cidade foi escolhida para integrar o Guia da Produção Associada ao Turismo, ação do Ministério do Turismo destinada a agentes de viagens de todo o país. Pomerode é o único município do Sul do Brasil entre os 15 selecionados.

Até o fim do ano, o guia impresso chegará às agências de viagens. Uma versão para leigos será publicada no site do Ministério do Turismo. Para fazer parte do guia, o produto oferecido deve ter representatividade cultural e o estabelecimento, estrutura adequada para receber os visitantes.

– O que Pomerode mostra é autêntico. O que se vê aqui é único. Não há cenários ou encenações – acredita o secretário de Turismo, Cláudio Krueger.

A exclusividade das atrações locais tem forte apelo gastronômico. Delícias artesanais, como bolachas, garantiram a inclusão da confeitaria Torten Paradies na lista. Na avaliação da proprietária, Marlene Volkmann, o processo artesanal de fabricação de doces produz sensação única ao paladar:

– O turista percebe a diferença. É impossível encontrar um produto igual a outro.

A produção local de porcelanas é outro ponto forte de Pomerode no guia. Desde 1945 no município, a Porcelanas Schmidt fabrica 800 mil peças por mês e vende para todo o Brasil. Turistas e visitantes são recebidos no show room da loja.

Mas há dificuldades a serem enfrentadas no turismo pomerodense. O maior desafio é a dificuldade de contratação de mão-de-obra qualificada. No restaurante de Mazico, os garçons, vestidos com trajes típicos, precisam falar inglês, espanhol e alemão. O próprio dono chegou a fazer curso de alemão por 10 anos para se comunicar melhor com os clientes. Para ele, que deixou o ramo imobiliário durante o Plano Collor para investir na gastronomia – e ficou seis anos trabalhando no vermelho -, a inclusão no guia vai reforçar o apelo turístico da cidade.

Veículo: Jornal de Santa Catarina.
Edição: 11883.
Editoria: Economia.
Página:
Jornalista: Magali Moser (magali.moser@santa.com.br).