Interrogações sobre gripe A

FLORIANÓPOLIS – A preocupação com a gripe A, que atingiu o auge no inverno passado, voltou à tona com a possibilidade de uma segunda onda da doença. Em todo o país, os órgãos de saúde se mobilizam pela campanha de vacinação dos grupos prioritários. Mas com a retomada do assunto, a cada dia surgem novas dúvidas sobre a prevenção e o combate ao vírus H1N1. Haverá vacina para todos? Quem poderá tomar? O que fazer para evitar a contaminação?

Para discutir o assunto, a Secretaria de Estado da Saúde promoveu um seminário, que terminou sexta-feira, na Capital. Participaram profissionais de 43 cidades catarinenses. A proposta era avaliar as ações feitas em 2009 contra a gripe A e estabelecer as estratégias para o inverno deste ano.

Desde maio do ano passado, a Vigilância Epidemiológica de Santa Catarina tem registrado casos suspeitos em todos os meses, inclusive no verão. Até agora, foram 7.351 notificações, das quais 3.595 foram descartadas e 2.484 foram confirmadas. Outros 1.271 casos ainda estão sendo investigados – são amostras coletadas no ano passado que foram enviadas para o Rio de Janeiro, mas voltaram para serem examinadas devido à demora do resultado dos exames.

Em 2010, 80 casos foram considerados suspeitos em Santa Catarina, mas todos foram descartados. Todos os exames serão feitos no Laboratório Central (Lacen), em Florianópolis.

Em média, a cada semana, o Lacen recebe de seis a sete notificações de possíveis contaminados. Com a campanha de vacinação, a expectativa é de que o número de confirmados diminua. A vacinação, que começou na segunda-feira, segue até 21 de maio.

O caminho dos exames

Após o recebimento da amostra, o Lacen faz a análise em três dias úteis, em média

Logo depois da análise, o resultado é enviado por meio do correio para a cidade que solicitou o exame

Caso o resultado seja positivo, o Lacen liga imediatamente para a Secretaria de Saúde da cidade

Desde fevereiro, é possível visualizar o resultado via internet, assim que a análise ficar pronta

 

Tudo o que você precisa saber

Qual a orientação para quem não está incluído em nenhum grupo de vacinação?

De acordo com o Diretor da Vigilância Epidemiológica de SC, Luis Antonio Silva, a recomendação é que as pessoas priorizem as medidas preventivas de controle da epidemia, como lavar as mãos com frequência, usar álcool gel e manter os ambientes ventilados.

Quem não está nos grupos poderá se vacinar?

Só em clínicas particulares. A dose vai custar entre R$ 50 e R$ 70 e inclui a vacina contra a gripe comum.

Quanto tempo é preciso esperar para doar sangue depois de ter tomado a vacina?

De acordo com uma nota técnica emitida pelo Ministério da Saúde, para a vacina contra o H1N1, a doação pode ser feita a partir de 48 horas. Nos casos em que a vacina é conjugada, ou seja, inclui agentes da gripe A e da comum, é preciso esperar pelo menos 30 dias.

Como saber se sou alérgico à vacina?

Pessoas alérgicas a proteína do ovo são, provavelmente, sensíveis à vacina. Se você já tomou alguma outra vacina e manifestou reação, pode também ser alérgico aos componentes, que são os mesmos para praticamente todas as fórmulas. No caso da sensibilidade ao ovo, não há alternativa de imunização. Se a alergia for aos componentes da vacina, você pode passar por uma avaliação médica e receber uma prescrição para tomar uma vacina especial.

A vacina da gripe pode causar efeitos colaterais?

Sim. A parte do corpo onde ela foi aplicada pode ficar dolorida e sensível. A reação deve ter passado em dois dias. Outros efeitos possíveis são febre, mal-estar e dor no corpo. Essas reações são consideradas normais. Elas começam a partir de seis a 12 horas depois da vacinação e persistem por até dois dias.

Quais profissionais da saúde estão sendo vacinados na primeira etapa de imunização?

Pessoas que trabalham diretamente no atendimento da doença e, primeiramente, profissionais da rede pública de saúde. A Secretaria de Estado da Saúde prevê vacinação para outros profissionais, como farmacêuticos e bioquímicos, na medida que novas remessas de vacinas chegarem a SC. O período de vacinação para essas pessoas não foi divulgado.

Por que as pessoas com mais de 60 anos e que não são doentes crônicos não estão incluídas nos grupos de vacinação do governo?

De acordo com a Secretaria de Estado de Saúde, a determinação dos grupos foi feita de acordo com os dados de pessoas contaminadas no ano passado, e os mais atingidos foram os jovens adultos. Os doentes crônicos estão incluídos na vacinação porque são mais vulneráveis.

Quais são as doenças crônicas que pertencem ao grupo prioritário de vacinação?

– Obesidade grau 3

– Asma (formas graves)

– Doenças crônicas com insuficiência respiratória

– Imunodepressão por uso de medicação ou relacionada às doenças crônicas (inclusive HIV)

– Diabetes

– Doenças hepáticas (atresia biliar, cirrose, hepatite crônica com alteração da função hepática)

– Doenças renais

– Hemoglobinopatias

– Pacientes com terapêutica contínua com salicilatos em indivíduos de 18 anos (ex: doença reumática auto-imune, doença de Kawasaki)

– Síndrome de Insuficiência Cardíaca

– Cardiopatias estrutural com repercussão clínica e/ou hemodinâmica (hipertensão arterial pulmonar, valvulopatias, cardiopatia isquêmica com disfunção ventricular, cardiopatia hipertensiva com disfunção ventricular, cardiopatias congênitas cianóticas, cardiopatias congênitas acianóticas, miocardiopatias, pericardiopatias)

Veículo: Jornal de Santa Catarina.
Edição: 11885.
Editoria: Geral.
Página: 15.