População brasileira passa por \"superenvelhecimento\", diz Ipea

A expectativa do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) é que a população brasileira atinja sua expansão máxima em 2030, com aproximadamente 206,8 milhões de pessoas, e passe a se contrair depois disso, caso a taxa de fecundidade não volte a crescer. Com isso, nos próximos 20 anos, deverá haver um "superenvelhecimento" da população, o que deverá modificar as políticas públicas dos próximos governos.

Com a continuidade da dinâmica da fecundidade e da mortalidade iniciada no século passado, a expectativa do Ipea, ao analisar dados do Instituto brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) é que, em 2040, o contingente populacional brasileiro seja de 204,7 milhões.

Em comparação com a Europa, o movimento de passagem dos estágios de taxas de mortalidade e de fecundidade elevadas para o de mortalidade e fecundidade baixas estaria acontecendo no Brasil numa velocidade acelerada, aponta o estudo.

Os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (PNAD) mostram a manutenção do valor da taxa de fecundidade total nos níveis observados em 2007 e 2008, que estão bem abaixo dos de reposição, com média de 1,8 filho por mulher.

Os grupos populacionais abaixo de 30 anos de idade já estão experimentando taxas negativas de crescimento. A partir de 2030, os únicos grupos populacionais que deverão apresentar crescimento positivo serão os com idade superior a 45 anos.

A população em idade ativa (PIA), acima dos 15 anos, também crescerá até 2030 e, a partir daí, deverá diminuir. A participação do grupo jovem, entre 15 e 29 anos, atingiu seu pico no ano 2000 e espera-se que decline substancialmente a partir de 2010. Segundo o estudo, a estimativa é que a participação relativa da PIA adulta, entre 30 e 44 anos, permaneça aproximadamente estável até 2040, mas com acréscimo em valores absolutos.

Além do envelhecimento da população total, a proporção da população acima dos 80 anos também está aumentando, alterando a composição etária no próprio grupo de idosos, ou seja, a população idosa também envelheceu. A sua participação na população brasileira passou de 0,9% para 1,6%, entre 1992 e 2009. São 2,9 milhões de brasileiros com 80 anos ou mais.

De acordo com o estudo do Ipea, "em termos de políticas públicas, pode-se esperar um aumento na demanda por cuidados de longa duração e por serviços de saúde, além de requerer pagamentos de benefícios previdenciários e assistenciais por um período de tempo mais longo".

O processo de envelhecimento é muito mais amplo do que a modificação de pesos de uma determinada população, dado que altera a vida dos indivíduos, as estruturas familiares e a sociedade. Segundo o Ipea, o envelhecimento da população modifica também a demanda por políticas públicas e a pressão pela distribuição de recursos na sociedade. "Por isso, suas consequências têm sido, em geral, vistas com preocupação, por impor desafios ao Estado, ao mercado e às famílias", salienta o estudo.

As principais políticas sugeridas para a população idosa são de renda, para compensar a perda da capacidade de trabalho, saúde, habitação, infraestrutura e acessibilidade.

Veículo: Jornal Valor Econômico.
Edição: 2612.
Editoria: Brasil.
Página: A2.
Jornalista: Juliana Ennes.