Beatriz Ramos muda para sobreviver

INDAIAL – Na tentativa de buscar apoio da comunidade, em especial no que diz respeito à manutenção e sobrevivência, o Hospital Beatriz Ramos mudou o estatuto e empossará, até o fim do mês, o Conselho Superior de Administração. A nova estrutura terá membros da sociedade civil organizada, de esferas do Executivo e Legislativo municipal e do governo do Estado, para que todos entendam como funciona e do que precisa o hospital para operar. A mudança não alterará o atendimento ao público.

Segundo o presidente do hospital, Miguel Angelo Soar, o foco principal da mudança é encontrar soluções para equilibrar as contas, pois a entidade chegará ao final do ano com déficit de R$ 400 mil no orçamento.

Por se tratar de uma entidade filantrópica, 60% dos atendimentos são destinados aos pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS), cujo valor de repasse não cobre os custos. Para um curativo, por exemplo, o SUS paga R$ 0,78, valor que não cobre o gasto com algodão e gaze. É para tentar reverter este tipo de situação que as mudanças ocorreram também, pois sem ajuda o hospital não tem de onde tirar o dinheiro.

– Vamos tentar seguir o mesmo modelo do Hospital Santo Antônio, de Blumenau, que através do Conselho de Administração, formado também pela sociedade, conseguiu ajuda financeira dos governos municipal e estadual – explica Soar.

Em Indaial, a ajuda municipal já ocorre. O secretário de Saúde, Enilson Erley de Freitas, conta que para não deixar a população sem atendimento, acaba pagando uma conta que não é de responsabilidade do município, como os exames de alta e média complexidades. Segundo o secretário, há cerca de 10 anos não há reajuste de repasse em relação ao número da população, que no mesmo período passou de 40 mil para 50 mil.

– Não podemos mais arcar com a despesa, senão a Atenção Básica, esta, sim, nossa responsabilidade, ficará prejudicada. Além de não conseguirmos fazer novos investimentos – desabafa Freitas.

A administração municipal também se propôs a negociar com o Estado para angariar fundos para o hospital, ampliando o número de especialidades, o que eleva a classe da entidade, e tornando-a referência na região. Além disso, a prefeitura fará a campanha de conscientização Bata na Porta Certa, para evitar desperdício de recursos. A intenção é reeducar a população em relação ao uso dos serviços de emergência, orientando sobre onde e quando procurar atendimento.

Veículo: Jornal de Santa Catarina.
Edição: 12088.
Editoria: Geral.
Página: 16.
Jornalista: Daniela Pereira (daniela.pereira@santa.com.br).