Buracos no caminho

 

GASPAR – Menos de um ano e meio após as obras e congestionamentos na Rodovia Jorge Lacerda para recuperação dos estragos provocados pelas chuvas de novembro de 2008, motoristas e moradores de Gaspar voltaram a conviver com buracos na pista. O trecho de cerca de cinco quilômetros entre o Paraíso dos Pôneis e o Supermercado Zoni tem fissuras e partes da camada de cima estão soltando. De acordo com o Departamento Estadual de Infraestrutura (Deinfra), nem todos os trechos tiveram a capa asfáltica substituída, somente os prejudicados pela chuva.

No entanto, a rodovia inteira recebeu um micropavimento para aumentar a durabilidade do asfalto, pois o produto serve como selante, evitando que a água e a umidade infiltrem-se. Conforme o superintendente do Deinfra em Blumenau, Magno de Andrade, por se tratar de uma rodovia de aproximadamente 50 anos, com tráfego intenso, o efeito não foi duradouro.

A falta de sistema de drenagem também interfere na qualidade da via. Sem local apropriado para escoar, a água procura fissuras na terra e no asfalto para alcançar o canal mais próximo. Assim, infiltra-se no asfalto, que racha e se solta. O ideal seria refazer todo o sistema de drenagem.

– Este tipo de trabalho deveria ser feito na época da construção da rodovia, levando em conta a bacia hidrográfica e o projeto de desenvolvimento dos municípios. Hoje, é caríssimo e não há previsão de orçamento para tal – diz Andrade.

Sem dinheiro para reforma, Deinfra investe em tapa-buracos

Sem dinheiro para fazer uma reforma geral na rodovia, o Deinfra trabalha no sistema de tapa-buracos, que muitas vezes é insuficiente. A Jorge Lacerda precisa, segundo Andrade, de uma reforma que mexa desde a base do asfalto, para corrigir falhas que danificam a parte superior. Este tipo de trabalho deve ser feito a cada 10 anos. Além disso, trafegam diariamente pela via cerca de 14 mil veículos, entre carros e carretas com contêineres, número considerado excessivo pelas autoridades.

Para a Operação Tapa-Buracos, o Deinfra dispõe de R$ 100 mil por mês e dois caminhões para fazer a manutenção de mil quilômetros de rodovias em todo o Vale do Itajaí. Andrade, entretanto, reconhece que o tempo entre uma reforma e outra é demorado na maioria das vezes. (Colaborou Morgana Michels)

A ÚLTIMA REFORMA

– Em 3 de fevereiro de 2009 foi assinada a ordem de serviço para o início das obras na Rodovia Jorge Lacerda. Estavam previstas a manutenção do sistema de drenagem da pista, a recuperação dos defeitos, dos deslizamentos de aterros e das encostas

– Dois meses e meio depois, as máquinas continuavam na pista. Desta vez, para o recapeamento dos trechos recuperados. Foram dias de longos congestionamentos entre os quatro quilômetros do Sesi à Malwee

– Em maio, as obras continuavam, pois o projeto foi modificado e novos trechos foram incluídos na reforma da rodovia. A previsão era terminar tudo em junho de 2009. Alguns trechos tinham obras até o final do ano

– Além da parte atingida pela tragédia de 2008, outros pontos da rodovia receberam nova camada asfáltica. As obras começaram em julho e seguiram até setembro, quando a sinalização foi finalizada

Excesso de carga é apontado como principal problema

Engenheiro de tráfego e professor da Furb e da Univali, José Nuno Wendt acredita que o maior problema da Rodovia Jorge Lacerda é o excesso de carga dos caminhões que trafegam pelo local. A rodovia foi projetada para suportar determinado peso, porém, quando a sobrecarga é grande, acelera o desgaste do asfalto. A fiscalização e a instalação de balanças que controlem o peso das cargas ajudaria a aumentar a durabilidade do asfalto, aponta o especialista.

A aplicação de um tipo de asfalto mais resistente também seria uma alternativa para diminuir os constantes problemas no trecho. Este tipo de material geralmente é usado nas rodovias onde há pedágio. O custo mais alto, no entanto, é compensado com a diminuição da manutenção. Para manter as rodovias em boas condições é necessário fazer remendos mensalmente, explica Wendt:

– Arrumar a rodovia é como cuidar de uma casa. É preciso arrumar frequentemente, antes que o problema aumente.

Veículo: Jornal de Santa Catarina.
Edição: 12093.
Editoria: Geral.
Página: 10.
Jornalista: Daniela Pereira (daniela.pereira@santa.com.br).