Cidade média cresce mais, mostra Censo

O crescimento populacional brasileiro na última década esteve mais ancorado nas cidades médias que nas grandes metrópoles. A conclusão foi apresentada ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) com base nos dados do Censo 2010, que mostram que os municípios com mais de 2 milhões de habitantes respondiam em agosto por 14,5% do total da população. Há dez anos, a participação era de 14,7% .

Em todo o país, a população brasileira era de 190.732.694 pessoas no dia 1º de agosto, o que representa um crescimento de 12,3% em relação aos 169.799.170 de habitantes contabilizados pelo censo realizado em 2000.

O presidente do IBGE, Eduardo Pereira Nunes, ressaltou que, em movimento contrário ao verificado nas grandes metrópoles do país, os municípios com população entre 100 mil e 2 milhões de habitantes viram sua fatia no total da população brasileira subir de 36,1%, em 2000, para 40,3% agora.

"Hoje, o que a gente observa é que as áreas que mais absorvem população no Brasil não são mais os grandes municípios, as grandes metrópoles, mas na verdade são as cidades de porte médio, ou até grandes, mas não metropolitanas", apontou Nunes. "Atualmente, o Brasil tem como característica marcante, observada no Censo, a importância demográfica, social e também econômica das cidades de porte médio", acrescentou.

Ele citou como exemplo Palmas, no Tocantins, que teve uma elevação de 5,07% ao ano na população nos últimos dez anos, entre as capitais. O presidente do instituto lembrou que o avanço das cidades médias se dá principalmente no cinturão do agronegócio, em municípios como Sinop, Sorriso e Lucas do Rio Verde, todos no Centro-Oeste.

Outro exemplo citado foi o do município de Rio das Ostras, que se beneficiou do "boom" do setor de petróleo no Norte do Estado do Rio de Janeiro e viu a população subir de 36.419 pessoas em, 2000, para 105.757 habitantes este ano.

O presidente do IBGE ressaltou ainda outro fenômeno populacional no Brasil, o da interiorização. "Quando a gente começa a analisar as cidades brasileiras que mais crescem, observamos que elas estão justamente nas áreas que são novos polos econômicos do país, principalmente na região Centro-Oeste", disse.

De acordo com Nunes, os municípios menores , com menos de 100 mil habitantes, continuam sendo os que mais perdem participação no total de habitantes do país. Em 2000, essas cidades representavam 48,9% da população, fatia que caiu para 45,3% do total no Censo 2010. "Essas são áreas repulsoras de população. É dali que nascem fluxos migratórios em direção a outras regiões do país ", explicou o presidente do órgão.

Outro detalhe importante apontado pelo Censo 2010 foi a taxa média de crescimento anual da população, que passou para 1,02%, entre 2000 e 2010, confirmando uma tendência de queda que persiste desde o período 1950-1960, quando a média anual de crescimento populacional foi de 2,99%. Entre 1991 e 2000, o avanço havia sido de 1,64% ao ano. "As Pnads [Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio] já mostravam redução bastante acentuada na taxa de fecundidade brasileira", explicou Nunes.

O Censo 2010 mostrou ainda que 84% dos brasileiros vivem em áreas urbanas, contra 81% em 2000. O total de mulheres no país é de 97.342.162, enquanto os homens somam 93.390.532.

Veículo: Jornal Valor Econômico.
Edição: 2643.
Editoria: Brasil.
Página: A4.
Jornalista: Rafael Rosas, do Rio.