Em 2009, 11,5% dos 7,9 milhões de estudantes do médio abandonaram os estudos. No ensino fundamental, os índices de abandono foram de 2,3%, dos 17,2 milhões de alunos dos anos iniciais (1º ao 5º ano) e 5,3%, dos 14,4 milhões de estudantes dos finais (6º ao 9º ano).
A proposta do MEC ainda é vaga e não deixa claro se o modelo seria obrigatório para todas as escolas. Isto gerou incerteza entre especialistas do setor, devido à complexidade da aplicação. A ideia de o aluno cursar o médio em um turno e fazer o técnico em outro requer formação de professores, parcerias com governos e prefeituras e altos investimentos em infraestrutura nas escolas.
Presidente Dilma já deu sinal verde
Apesar disso, Haddad já apresentou o projeto à presidente Dilma Rousseff, que deu sinal verde para encaminhar a proposta à equipe econômica. Na avaliação do ministro, mesmo com a ampliação do número de escolas técnicas federais no governo Lula, o avanço é pequeno na integração do ensino médio com o técnico.
– O ensino médio precisa de uma injeção de ânimo muito forte – afirma o ministro da Educação.
Ainda não há estimativa de custo nem forma definida de aplicação da medida. Haddad disse que, além das 354 escolas técnicas federais, poderiam participar do projeto mais 500 escolas do Sistema S (Senac, Senai, Sesc, Sesi, etc) e mais 500 do programa Brasil Profissionalizado (200 a serem criadas). A carga horária complementar seria composta por disciplinas relacionadas ao curso escolhido, mais atividades complementares de esporte e cultura.
O ensino técnico é restrito no país, porque faltam vagas para todos os estudantes interessados. Enquanto 8,3 milhões cursam o ensino médio, 861 mil fazem o profissionalizante, o equivalente a 10,3%. Dos que estão no nível técnico, 60% começaram depois de terminar o médio.
Para alterar o quadro, o governo terá um desafio pela frente. Em média, cada escola federal oferece 1,2 mil vagas, número insuficiente para atender a demanda. Em algumas unidades, a concorrência é tão acirrada para alguns cursos quanto para vestibulares federais. No Estado, são 1,6 mil estudantes matriculados no ensino médio integrado do Instituto Federal de Santa Catarina (IF-SC), que oferece 422 vagas nesse modelo. No último processo seletivo, O curso mais concorrido foi o de Edificações – 15,53 candidatos para cada uma das 32 vagas oferecidas.
Em tempo integral |
O PROJETO |
– O MEC quer implantar o ensino médio em tempo integral – o ensino médio em um turno e o curso técnico em outro. |
– As duas modalidades poderiam ser cursadas na mesma ou em duas escolas. |
– Além das escolas técnicas federais, poderiam participar 500 escolas do Sistema S, como Senac e Senai, e 500 do programa Brasil Profissionalizado. |
– O Brasil tem 354 escolas técnicas federais, com 348 mil matrículas. A meta é inaugurar mais 46 até o fim do ano. |
– Até o fim de 2012, a expectativa é de que o número de matrículas salte para 600 mil em todo o país. |
COMO É HOJE |
– O Ensino Técnico é restrito. Enquanto 8,3 milhões cursam o Ensino Médio, apenas 861 mil fazem o profissionalizante. |
– Nos últimos oito anos, no governo Lula, foram investidos R$ 979 milhões na expansão da rede de ensino técnico, o que resultou no aumento de 140 para 354 escolas técnicas. |
– Quando consegue chegar a essa modalidade de ensino, a maioria dos alunos só faz o curso técnico após concluir o ensino médio. |
– Algumas escolas particulares já aplicam o modelo proposto pelo MEC. Os alunos podem fazer o ensino médio em um turno e o técnico em outro, se optarem por essa possibilidade. |
Veículo: Jornal Diário Catarinense.
Edição: 9061.
Editoria: Geral.
Página: 28.
Jornalista: Júlia Antunes Lorenço (julia.antunes@diario.com.br).