BENEDITO NOVO – Chuvas torrenciais causaram medo e destruição em diversos municípios do Médio Vale, colocando as autoridades em alerta e levando famílias a abandonar suas casas. Em Benedito Novo, o prefeito em exercício, Harry Dallabrida, decretou Estado de Emergência e nas próximas horas deve ampliar o ato oficial para Calamidade Pública. As localidades mais atingidas foram Ribeirão Tigre, Pinheiro, Rio Ferro, Ribeirão dos Russos, Santa Maria e Centro. O rio Benedito subiu mais de cinco metros e inundou ruas centrais da cidade. Algumas comunidades permanecem isoladas.
Duas trombas d'águas foram responsáveis pelas destruições em Benedito Novo. A primeira ocorreu na noite de sexta-feira, por volta das 20 horas, quando choveu cerca de 140 mm em alguns pontos da cidade. A segunda chuva torrencial foi registrada na noite de domingo e foi suficiente para provocar diversos desmoronamentos no interior do município. Levantamentos preliminares constataram a destruição total ou parcial de mais de 10 pontes nas localidades atingidas. Pelo menos três famílias, com suas casas ameaçadas de desmoronamentos, tiveram que deixar o local e se abrigar em casas de parentes.
Os estragos também atingiram a rede elétrica. Em Rio Tigre e Pinheiro, postes de eletricidade foram levados pela correnteza do rio, que assumiu o leito da estrada, lavando a pista e inundando residências. O sistema de distribuição de energia foi restabelecido com conexão via Rio Cunha. Na rua Guilherme Doege, próxima ao Centro, duas residências estão ameaçadas pela encosta de uma montanha. Na residência de número 233, de propriedade de Hilário Tomasoni, parte da montanha aos fundos da residência cedeu sobre um anexo de alvenaria, em construção, comprometendo a estrutura.
No local, Tomasoni estava construindo uma garagem e uma área onde pretendia instalar uma pequena malharia para sua esposa. "Era um sonho de minha esposa que eu queria tornar realidade. Agora vou ter que desmanchar e ver o que fazer. O investimento até aqui ficou em R$ 32 mil. Vou tentar salvar o que é possível", disse Hilário, já admitindo que a construção terá que ser desmanchada. Ao lado,no número 219, reside Amarildo Pasquali. Sua casa não chegou a ser atingida, mas o barranco está cedendo e quase bate nos fundos da casa, próximo a garagem, área de serviço e cozinha. Ele disse que está sem ação. "Não temos para onde ir e nossa vida está aqui", comentou.
Três pontes em ruas adjacentes a Rua Cruz e Souza, a principal via do Bairro Rio Tigre, foram arrastadas pela força do ribeirão. No beco Tonolli, não ficou nem sinal do pontilhão que havia no local. O morador Patrick Tonolli, disse que não foi trabalhar ontem porque o acesso está prejudicado e os moradores tiveram que criar um atalho para chegar até suas propriedades. "Todos estamos assustados com os acontecimentos. Foram duas chuvas fortes, na sexta, à noite, e na noite de domingo. A ponte aqui próximo de casa foi arrancada na noite de domingo", comentou.
Mais adiante, já subindo a serra, em Rio Tigre, a residência de Armando Koslowski está a beira de cair no ribeirão. Entre a casa e o ribeirão havia alguns metros de quintal, mas a força da água levou tudo embora e a margem ficou na extremidade da residência. "Com certeza a casa está comprometida, pois construir um muro ali custará mais que a própria casa", disse. Ele conseguiu retirar todos os móveis, mas já foi orientado pela Defesa Civil a não retornar ao imóveis. Não sei o que vou fazer. Por enquanto, vou recorrer à ajuda de um irmão", disse. No mesmo local, uma ponte de concreto, bem próximo a residência de Armando, foi totalmente destruída.
Veículo: Jornal do Médio Vale.
Edição: 1260.
Editoria: Geral.
Página: 2.
Jornalista: Evandro Loes.