A resposta da presidenta Dilma Rousseff ao pleito pela federalização da Furb – um pedido de tempo para estudar o assunto e aí se pronunciar definitivamente sobre um projeto cujas dimensões ainda desconhece na totalidade – foi a possível na trajetória histórica do movimento. Em seu discurso, a presidenta podia ignorar a reivindicação ou de imediato descartar a sua viabilidade. Não! Ela pediu um tempo para analisá-la. Ah! Claro, Dilma também podia jogar pra torcida e, num arroubo populista, dizer que estava tudo certo, o que arrancaria aplausos da plateia, mas efetivamente careceria de quaisquer garantias de implementação. A resposta da presidenta foi, pois, a possível neste momento.
De fato, a luta pela federalização da Furb é antiga, mas se intensificou a partir de 2002, com a criação do Comitê Pró-Federalização. Desde então, a bandeira vem aglutinando amplos setores da cidadania do Vale do Itajaí, única mesorregião do Estado de Santa Catarina que ainda não conta com uma Universidade Federal. Resultado do processo de mobilização, organização e articulação política, a reivindicação se consolidou como uma prioridade regional. Na fase atual dos trabalhos, está em elaboração um conjunto de estudos solicitados pelo ministro da Educação, Fernando Haddad, por ocasião da audiência concedida em 2009. Os documentos se referem à análise de custos, à viabilidade jurídica da proposta e às diretrizes institucionais do projeto de implantação da Furb Federal, cuja entrega em Brasília estima-se para o começo do segundo semestre.
Paralelamente, tramita na Câmara dos Deputados projeto de lei aprovado no Senado, o qual autoriza o Poder Executivo a criar a Universidade Federal do Vale do Itajaí. A matéria prevê que a nova instituição receba os estudantes e o patrimônio da Furb. Entretanto, o Comitê Pró-Federalização pleiteia que a legislação contemple, ademais, a cessão dos servidores públicos municipais do quadro de carreira da Universidade. A inclusão dos estudantes, dos servidores e do patrimônio da Furb permitirá o atendimento imediato de fortes demandas sociais da comunidade regional.
Neste contexto histórico, a reação da presidenta Dilma – a resposta possível até a análise dos projetos no Ministério da Educação – mantém de pé a luta pela federalização da Furb. Trata-se de um direito que há de ser conquistado pelo Vale do Itajaí. A mobilização continua.
Veículo: Jornal de Santa Catarina.
Edição: 12241
Coluna: Clóvis Reis (clovis.reis@santa.com.br).
Página: 39.