Por que merecemos a Federal

 

BLUMENAU – A comunidade regional terá hoje a última oportunidade de opinar sobre a proposta de federalização da Furb, a partir das 9h na biblioteca do Campus 1. Será a chance para a região fechar a lacuna no mapa do Estado em que o Vale do Itajaí aparece como único local desprovido de um campus de universidade federal pública (veja mapa). Há apenas atendimento por meio de polos de ensino a distância. O seminário de hoje servirá para apresentação do pré-projeto a ser encaminhado ao Ministério da Educação (MEC). O documento efetivamente cria a Universidade Federal do Vale do Itajaí (UFVI), beneficiando diretamente os cerca de 1,5 milhão de moradores da região.

No encontro será mostrado tudo o que já foi estudado até agora e o que ainda resta fazer. A perspectiva do coordenador do comitê pró-federalização, Clóvis Reis, é concluir o texto final nos próximos dois meses, encerrando assim, um ciclo que vem sendo intensificado desde 2002.

O pré-projeto está sendo elaborado em parceria com o Instituto de Pesquisas e Estudos em Administração Universitária (Inpeau), vinculado à Universidade Federal da Santa Catarina. O diretor do Instituto e coordenador da pesquisa, Pedro Antônio de Melo, lembra que esta prévia levou cerca de quatro meses de estudos intensos.

– Pretendemos comprovar que a incorporação da Furb é viável e que a região necessita de uma universidade federal para se desenvolver – disse.

Pedro Melo se refere às inúmeras vantagens que a incorporação da Furb pode trazer. Entre elas, a ausência de investimentos para construir novos prédios – a nova universidade deve incorporar toda a atual estrutura da Furb -, a possibilidade de atração de novas empresas e a aplicação do atual orçamento da Furb, algo em torno de R$ 150 milhões anuais, em outras áreas da economia, desenvolvendo a região como um todo.

As sugestões apresentadas hoje pela comunidade voltam a ser analisadas para o término do texto. O pró-reitor de ensino da Universidade de Blumenau, António André Chivanga Barros, avalia que, com esta etapa vencida, cerca de 90% do projeto que pretende criar a Universidade Federal do Vale do Itajaí esteja concluído.

Chivanga observa, entretanto, que estes dados serão reunidos com os outros dois estudos exigidos pelo MEC. Um deles já foi finalizado e trata especificamente da questão de custos. Análise feita pelo professor Nelson Cardoso Amaral, ex-reitor da Universidade Federal de Goiás, mostrou que o custo anual de um aluno da Furb (R$ 6 mil) é, em média, metade do custo de um aluno de uma universidade federal (R$ 11 mil) do porte da Furb. O terceiro estudo, que vai explicar como ficará a situação dos atuais professores e servidores, está em fase de contratação e será feito por uma empresa de consultoria do Rio de Janeiro.

O pró-reitor disse que, apesar de o contrato ainda não ter sido assinado, a empresa já busca informações para elaborar o documento. A previsão é que até o início de agosto o estudo fique pronto para ser integrado aos outros dois. A última etapa será encaminhar o projeto final, ainda neste semestre, para análise pelo MEC, que vai autorizar ou não a criação da UFVI.


Serviço

Seminário – para discutir propostas para a Furb Federal será hoje a partir das 9h, no auditório da Biblioteca, no Campus 1

 

10 RAZÕES PARA A IMPLANTAÇÃO DA UNIVERSIDADE FEDERAL NO VALE

1 – SC tem só duas universidades federais

No Brasil há 59 universidades federais, em Santa Catarina só há duas: a Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), com sede em Florianópolis, e a Universidade da Fronteira Sul (UFFS), com sede em Chapecó e que atende aos três estados da região Sul (Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná)

2 – 1,5 milhão sem Ensino Superior gratuito

Esta lacuna de universidade federal deixa 53 municípios, da mesorregião do Vale do Itajaí, sem campus de Ensino Superior federal gratuito. Na região vivem cerca de 1,5 milhão de pessoas (dados IBGE/2010). Todas desassistidas de campus de universidade federal. Há apenas polos de educação a distância

3 – Representatividade econômica

O Vale do Itajaí é responsável por 26% do Produto Interno Bruto (PIB) de Santa Catarina. Possui cerca de 400 mil trabalhadores empregados, o que corresponde a 27% dos empregos de todo o Estado, segundo IBGE

4 – Injeção anual de R$ 150 milhões na economia

A economia do Vale do Itajaí teria uma injeção anual de cerca de R$ 150 milhões. Este é o valor oriundo das mensalidades pagas pelos atuais alunos da Furb. Com a universidade federal gratuita, este valor poderia ser revertido para outras áreas, como lazer e moradia

5 – Atração de novas empresas

Regiões que têm universidades federais apresentam grande índice de desenvolvimento tecnológico por meio de instalação de novas empresas em parceria com a universidade. Florianópolis, por exemplo, tornou-se um polo tecnológico graças à instalação da UFSC. No Vale do Itajaí, poderiam ser desenvolvidas parcerias nas áreas consideradas bases da economia, como metal mecânica e têxtil, por exemplo

6 – Parcerias para o desenvolvimento da região

Com a universidade pública federal, é possível fortalecer a qualificação dos professores principalmente no setor de pesquisa e extensão, essenciais na produção de conhecimento que permitam maior autonomia da região na definição de estratégias de desenvolvimento científico e tecnológico

7 – Incorporação do patrimônio físico da Furb

Um dos principais argumentos do Ministério da Educação (MEC) para inviabilizar a criação de novas universidades são os custos para construção de prédios. A Universidade Federal do Vale do Itajaí (UFVI) não começaria do zero. Vai incorporar o patrimônio físico da Furb. São 410 laboratórios e 220 salas de aula, além de editora, rádio e televisão, complexo esportivo e programas de extensão, clínicas de saúde integradas à rede municipal, distribuídas em quatro campi

8 – Incorporação dos cursos oferecidos

A UFVI vai incorporar todos os cursos oferecidos pela Furb. São 40 de graduação, 10 mestrados, um doutorado e mais de 70 cursos de especialização, presenciais e a distância

9 – Incorporação dos professores e alunos

O segundo argumento dado pelo MEC são os custos para contratação de professores. Pela proposta, a UFVI vai incorporar todo o quadro de professores, formado por 1.418 servidores, sendo 842 docentes e 576 técnicos administrativos. Quanto aos alunos, são mais de 16 mil alunos, na graduação, ensino médio, especialização, mestrados, doutorado, Furb Idiomas e na Escola de Educação Continuada. Em 47 anos de existência, a Furb já formou cerca de 40 mil profissionais

10 – Custo de um aluno da Furb é pequeno

Estudos encomendados pela Furb ao professor Nelson Cardoso Amaral, ex-reitor da Universidade Federal de Goiás, mostrou que o custo anual de um aluno da Furb é, em média, metade do custo de um aluno de uma universidade federal do porte da Furb. São R$ 6 mil contra R$ 11 mil, respectivamente. Este é um dos estudos que vão comprovar a viabilidade econômica da incorporação da Furb à UFVI

Fonte: Comitê Pró-federalização

Veículo: Jornal de Santa Catarina.
Edição: 12261.
Editoria: Política.
Página: 4.
Jornalista: Giovana Pietrzacka (giovana@santa.com.br).