Durante os próximos 30 dias, a Furb, a Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e a prefeitura de Blumenau terão trabalho intenso pela frente. Os três criarão um plano para tornar viável juridicamente a incorporação da Furb pela UFSC. O documento deverá esclarecer dúvidas que envolvem o processo, como: os alunos que já estão matriculados pela Furb poderão estudar gratuitamente? Algum curso será criado ou extinto? Os funcionários municipais serão cedidos à União? Os estudos começam terça-feira, quando está agendada a primeira reunião entre os reitores das duas universidades. As respostas deverão ser entregues ao Ministério da Educação (MEC) no início de outubro. O aval da incorporação ficará a cargo da presidente Dilma Rousseff (PT). As portas estão abertas para a possibilidade de aprovação, mas não há garantias de que a fusão ocorra. O ponto mais delicado e indefinido da negociação é a absorção do quadro de funcionários da Furb, aprovados por concurso municipal. Todos teriam de passar por novo concurso para se tornar servidores federais. No entanto, o MEC ainda não sinalizou a criação de vagas. Quando o concurso for feito, os que não forem aprovados continuarão a exercer as funções do ensino como funcionários da prefeitura. O impasse é de quem será a responsabilidade pelo pagamento dos salários. – O que podemos prever agora é que nos primeiros anos teremos uma universidade mista, com funcionários e alunos das duas instituições – diz o reitor da UFSC, Alvaro Prata. A avaliação do que foi estabelecido em Brasília e os próximos passos serão explicados hoje, às 9h, no auditório da biblioteca do Campus 1. Alunos, professores, servidores e comunidade podem participar. Estarão presentes o prefeito João Paulo Kleinübing, o reitor da Furb, João Natel, e o presidente do Comitê Pró-federalização, Clóvis Reis. 10 DÚVIDAS |
Nos próximos 30 dias UFSC, Furb e prefeitura vão montar um modelo de incorporação. Ele deverá conter o caminho ideal para que a Furb seja incorporada pela UFSC. O termo "federalização" não é mais usado, mas os princípios que o Comitê Pró-federalização defende há 10 anos (transferência de estudantes, cessão de servidores e cessão de patrimônio) nortearão o plano |
Não. Após a conclusão do projeto, os reitores da UFSC, Furb e o prefeito de Blumenau entregarão o documento ao MEC, que vai avaliar. Caberá à presidente Dilma decidir pela efetivação. Por isso, além da questão técnica, os representantes do Estado no Legislativo Federal também estão envolvidos para sensibilizar a presidente |
O plano pode ser colocado em prática a partir do segundo semestre do ano que vem. O modelo da incorporação tem de ser entregue em 30 dias, mas os detalhes do projeto da criação de cursos podem ser elaborados até o final do semestre |
Para se tornar funcionário federal é necessário passar por concurso. Quem não for aprovado, continua sendo municipal. A prefeitura defende que os servidores sejam cedidos à UFSC e tenham os salários pagos pela União, mas com aposentadoria e planos de carreira garantidos pelas diretrizes municipais. Já a UFSC acredita que os encargos devam ficar somente com o município. A presidente Dilma enviou ao Congresso um projeto em regime de urgência que cria 5 mil vagas para servidores de ensino em todo o país |
Ainda não há definição sobre a criação ou extinção de cursos. A direção da UFSC vai conversar com professores e alunos dos cursos em comum com a Furb para definir identidade e padrão pedagógico a serem aplicados nas duas instituições antes de definir os cursos a serem abertos. Em princípio, apenas novos alunos, aprovados em vestibular, teriam aulas na UFSC. Para se criar vagas nas universidades federais é necessário que o Congresso autorize |
Ainda é incerto se com a incorporação será preciso criar uma terceira universidade. O projeto trará esta definição. A intenção dos blumenauenses é que a partir da Furb, com o apoio da UFSC, surja a Universidade Federal do Vale, totalmente independente |
Isso será definido no projeto. Mas, no início, os cursos serão geridos pela coordenação de ensino das universidades que os criaram. Se tiver cursos mistos, a UFSC assume |
As dívidas são financiamentos abertos há cerca de 10 anos com o BNDES. Segundo a reitoria, as contas da universidade estão em dia e o saldo está praticamente equiparado. Para concluir o financiamento falta pagar cerca de R$ 450 mil por mês nos próximos dois anos. No modelo que será desenvolvido, não haverá transferência de passivo, porque será um modelo de cessão. A quitação do empréstimo ainda não foi discutida |
Muito do que já foi levantando pelo Comitê Pró-federalização será aproveitado. Além de audiências públicas em várias cidades da região, o Comitê tem documentos que foram concluídos recentemente sobre de que forma a Furb poderia ser federalizada |
Na prática, não há diferenças. Entretanto, antes tinha-se o anseio de que Furb se tornasse federal sem envolver outra instituição de ensino. Agora, por um tempo pode haver o regime misto, com alunos e professores das duas instituições num mesmo campus |
Fonte: professor Clóvis Reis, presidente do Comitê Pró-federalização; reitor da UFSC, Alvaro Prata; reitor da Furb, João Natel; e prefeito de Blumenau, João Paulo Kleinübing. |
Veículo: Jornal de Santa Catarina.
Edição: 12299.
Editoria: Política.
Página: 4.
Jornalistas: Cristian Weiss (cristian.weiss@santa.com.br) e Daniela Matthes (daniela.matthes@santa.com.br).