“Todo mundo pode participar”

Neste ano, o governo brasileiro assinou a lei de resíduos sólidos para tentar melhorar o destino do lixo. Nos EUA, a legislação sobre o assunto é bem mais antiga, de 1989. A especialista em aplicação do conceito Lixo Zero, Leslie Luckacs, fala sobre os resultados obtidos. Ela será uma das palestrantes do Fórum de Experiências Internacionais Lixo Zero no Varejo, hoje, em Florianópolis.

Leslie é responsável por parte do desempenho americano porque dirige o programa do Fisherman's Wharf, antigo porto na baía de São Francisco, que é uma das principais atrações turísticas da cidade americana. Apesar de milhões de pessoas passarem pelo local a cada ano, não há envio de lixo para aterros sanitários.

DC – Quais os índices de reaproveitamento de lixo no local onde você mora?

Leslie Luckacs – Na Califórnia, 65% é reciclado e, em São Francisco, sobe para 78%. Existe obrigação de reciclar e fazer compostagem em residência e empresas.

DC – Quando a ideia surgiu?

Leslie – Em 1989 foi formulada uma lei estipulando que metade do lixo fosse reaproveitado. O prazo fixado para atingir esta meta foi de 10 anos. Agora há debates para mudar a lei e aumentar o índice para 65%. Já São Francisco tem o objetivo de lixo zero até 2020.

DC – Como é o interesse das cidades em participar do programa?

Leslie – Enquanto na Itália as cidades mais engajadas são as menores, na Califórnia as 15 principais cidades têm maior compromisso (inclui Los Angeles, São Francisco e Sacramento com o programa).

DC – Hoje, quais os países que se destacam em iniciativas para resolver o problema do lixo?

Leslie – Estados Unidos, Itália e Nova Zelândia estão na frente.

DC – Os países menos desenvolvidos também podem aderir?

Leslie – Todo mundo pode participar. No EUA, a questão é que temos 5% da população mundial e consumimos 25% dos recursos do planeta. E lá os produtos são usados e jogados fora. Há problemas com aterros e a poluição gerada pelos gases e com o líquido que pode contaminar a água. Nos países pobres, a situação é outra. Morei na África e lá os pneus viram calçados porque a disponibilização de recursos é menor e tudo precisa ser reaproveitado.

DC – Quem são os principais agentes da mudança?

Leslie – Com certeza são as empresas. Nas corporações, as mudanças acontecem de maneira muito mais rápida porque basta a ordem da presidência. As grandes marcas, como o Wall Mart, têm até gerente de sustentabilidade porque perceberam que estavam pagando para se livrar do lixo produzido. 

Veículo: Diário Catarinense
Edição: 9337
Editoria: Economia
Página: 14

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