Um termo de compromisso que pede a criação de uma comissão permanente de estudos Pró Implantação de Ferrovias Catarinenses foi entregue na última quinta-feira, 20 de setembro, ao Governador, Luiz Henrique da Silveira em Rio do Sul. O objetivo do documento, assinado por representantes da classe política e empresarial do Alto Vale, é formalizar a união entre a iniciativa pública e privada em esforços para reativar a antiga Estrada de Ferro Santa Catarina, que até o início da década de 70 servia como alternativa de transporte de carga e passageiros e dar continuidade as discussões e estudos acerca deste projeto.
A entrega do documento ocorreu durante o primeiro Fórum Catarinense Pró-Ferrovia, que mobilizou a classe política e empresarial do estado, contando com grande participação de prefeitos, representantes de entidades industriais e comunidade. Na ocasião, a AMMVI foi representada pelo primeiro vice-presidente da entidade e prefeito de Indaial, Olimpio Tomio, além de sua equipe técnica.
No encontro, realizado na Universidade para o Desenvolvimento do Alto Vale do Itajaí (Unidavi), o prefeito de Rio do Sul, Milton Hobus pediu empenho da classe política para que sejam aplicados os estudos necessários para este trabalho, que visa ligar o Oeste ao Litoral do Estado com malha ferroviária, facilitando o transporte de produtos destinados à exportação e que obrigatoriamente passam pelos portos catarinenses.
Segundo Olimpio Tomio, a AMMVI apóia a iniciativa e buscará, em conjunto com as associações de municípios do Vale do Itajaí, a viabilidade do projeto. "É visível a necessidade de implantação da ferrovia, tanto para o transporte de cargas quanto de pessoas. Além de que a implantação da malha ferroviária desviará o trânsito de caminhões da BR 470", afirma.
O Governador Luiz Henrique mostrou compromisso com o pedido deste primeiro fórum, ressaltando que pretende incluir o possível projeto de construção no orçamento estadual e de buscar apoio federal, sem esquecer da duplicação completa da BR-470. O Governador disse ainda estar ciente do desafio, mas lembrou de obras ferroviárias realizadas na China e na Rússia, que ultrapassaram barreiras como relevo e altitude, muito mais complexas do que as existentes em Santa Catarina. "Temos que pensar em uma ferrovia bi-oceânica, que atravesse o continente e siga em direção ao Chile. Assim tornaríamos Santa Catarina uma potencialidade econômica muito ampla", garantiu.
Representantes de organizações empresariais e do setor privado participaram do evento e apresentaram projetos e trabalhos ligados à Ferrovia, comprovando que a iniciativa é inteligente, porém precisa ser muito bem estudada. O Coordenador da área de competitividade da Federação das Indústrias de Santa Catarina (Fiesc), Egídio Marturano, lembrou da grande importância da exportação catarinense, sendo que 10% da movimentação dos portos brasileiros são feitos no Porto de Itajaí, e que a maioria das entregas no litoral é através de caminhões, que precisam cruzar o estado pelas rodovias. "A ferrovia vem a suprimir uma necessidade vital de logística do Estado", garantiu.
O presidente do grupo Batistella, Hildo Batistella, empresa que assumiu a responsabilidade da construção do Porto na cidade de Itapoá, no litoral norte de Santa Catarina, explicou que todo o Estado poderá ser beneficiado com esta linha férrea, mas que ela deverá obrigatoriamente ultrapassar a fronteira no extremo-oeste, seguindo pela Argentina e pelo Paraguai. "Caso contrário ela não se mantém, pois não adianta um trem levar mercadorias ao litoral e voltar vazio", complementa.
O diretor de Logística da empresa Votorantin Cimentos, Fred Fernandes apresentou um levantamento da movimentação de cargas realizado pela empresa e garantiu que a futura unidade da indústria de cimentos que será construída no município de Vidal Ramos poderá ser parceira da iniciativa. O diretor acredita que o desenvolvimento só será crescente no Alto Vale e em todo o Estado mediante a instalação de uma via alternativa de transporte, como a ferrovia.
Representando a Geitran Consultoria e Planejamento, o engenheiro ferroviário Carlos Ribeiro mostrou um projeto criado em 2001 com as possibilidades de implantação de uma nova ferrovia em Santa Catarina, saindo de Itajaí, em direção ao Oeste, passando por pontos estratégicos do Médio e Alto Vale como Blumenau, Indaial, Rio do Sul e Agrolândia.
Ao final do fórum, o governador Luiz Henrique disse estar entusiasmado com a proposta e afirmou que vai levar adiante o pedido, comprometendo-se com a criação de uma comissão permanente de estudos para elaboração de um projeto consolidado pró reativação da estrada de ferro.
O encontro foi promovido pelo Governo do Estado, Prefeitura de Rio do Sul, Amavi, Federação Catarinense de Municípios, Associação Comercial e Industrial de Rio do Sul e Unidavi.
Fonte: Ascom AMMVI com colaboração da Assessoria de Imprensa da Prefeitura Municipal de Rio do Sul