Os dilemas da integração

Diogo, Gustavo, Romeu, Diego e João Paulo nasceram em Rodeio, vivem na cidade natal e trabalham em Blumenau. Todas as manhãs, acordam antes do sol raiar e percorrem 48 quilômetros no mesmo carro pela BR-470. Durante a viagem, a disputa pelas músicas no aparelho de som e as partidas de futebol são assuntos recorrentes, assim como os acidentes e as condições de tráfego da rodovia. Os cinco rodeenses convivem com a imprudência dos motoristas nas ultrapassagens, com pequenas batidas, incontáveis buracos no asfalto e graves acidentes.

A rotina é comum a milhares de pessoas que diariamente se deslocam entre os municípios do Médio Vale do Itajaí, uma região onde as pessoas estão integradas, mas as zonas urbanas, nem tanto. Só na empresa em que Diogo e Gustavo trabalham, a Senior Sistemas, 72 funcionários vêm de cidades vizinhas. Esta semana, da Associação dos Municípios do Médio Vale do Itajaí (Ammvi), que completa 40 anos neste domingo, surgiu uma possibilidade de avanço no processo de integração regional.

Terça-feira, o presidente da entidade e prefeito de Blumenau, João Paulo Kleinübing, revelou uma intenção: integrar os ônibus intermunicipais ao sistema de transporte coletivo blumenauense até 1º de janeiro. Os ônibus que vêm de Gaspar deixariam os passageiros no Terminal da Fonte, os de Indaial e Pomerode, no Aterro; os de Brusque, que entram pela Região Sul, desembarcariam no Terminal do Garcia; e os coletivos que vêm do Belchior teriam parada final no Terminal da Fortaleza.

O objetivo é desafogar o trânsito nas ruas centrais de Blumenau. Os passageiros, ao desembarcar nos terminais, não teriam de pagar nova tarifa, mas detalhes como o financiamento deste transporte e os horários ainda serão discutidos com as empresas de ônibus.

– O grande marco da integração dos municípios começa pelo transporte coletivo intermunicipal. Sem isso, não tem união – concorda o presidente da Associação Empresarial de Blumenau (Acib), Ronaldo Baungatem Junior, defensor contumaz da regionalização.

Diogo Cristofolini, Gustavo Pasqualini, Romeu Gadotti, Diego Venturi e João Paulo Possamai reclamam do trânsito que enfrentam todos os dias, mas não trocariam Rodeio para morar mais perto do trabalho.

– Não compensa. Temos comodidade e economia vindo com os cinco dentro de um só carro – explica Diogo.

Por semana, entre vindas e idas, percorrem 500 quilômetros, o que resulta num gasto aproximado de R$ 80 para cada um. Se viessem de ônibus intermunicipal, o gasto seria de quase R$ 600, com a passagem a R$ 10 por trecho. Diferença que afasta os rapazes de Rodeio dos ônibus. Mais um sinal de que a integração está apenas começando.

Jornal de Santa Catarina, edição nº 11694, de 1 de agosto de 2009.