Estudo expõe realidade dos resíduos sólidos do Médio Vale

Em 2010, a Associação dos Municípios do Médio Vale do Itajaí (AMMVI) encomendou um levantamento junto à empresa Tekoha que teve o objetivo de avaliar o lado ambiental do sistema de resíduos sólidos e procurar alternativas para o aproveitamento do potencial energético. Esta foi uma iniciativa da entidade na busca pela conservação dos recursos naturais da região.

Com o estudo, foi constatado que de 1989 até 2000 o volume de resíduos cresceu de 100 mil toneladas para 154 mil toneladas, enquanto isso a população aumentou 15,4% entre 1991 e 2000.Em contrapartida a este aumento significativo, o número de casas atendidas pela coleta de lixo também subiu muito, atualmente todos os municípios atendem pelo menos 94% do total. Doutor Pedrinho, por exemplo, atendia 0,77% das moradias em 1991, agora são 98,29%.

Hoje, os 14 municípios do Médio Vale contam com aproximadamente 667 mil habitantes, que geram 418,1 toneladas de lixo por dia. Blumenau responde 51,26%, Brusque 19,63%, Gaspar 8,96% e os restantes entre 6% e 0,5%. Para atender toda esta massa há dois aterros: um em Timbó e outro em Brusque. Toda a região usa-os tanto para coleta seletiva quanto para o lixo comum.

José Rafael Corrêa, secretário executivo da AMMVI, chama a atenção para a questão cultural. "Este também é um trabalho cultural, não adianta fazermos uma boa coleta se as pessoas não se conscientizarem", afirma. Segundo ele, um grupo de técnicos dos municípios da região está se reunindo periodicamente para fomentar ações regionais, entre elas iniciativas educativas. . "Temos que trabalhar a educação ambiental das crianças, mas os pais também têm que participar, por exemplo, em audiências públicas".

O estudo mostra que a reciclagem ainda é ineficiente e que alguns municípios ainda têm de aprimorá-la. "Este estudo nos mostra que com o crescimento da região a coleta de lixo passa a ser mais importante. O Grupo de Trabalho está pensando em soluções para o assunto", salienta José Rafael. Este estudo contribuiu para que a Associação faça a missão internacional para a Alemanha, Espanha e Suécia, dos dias 12 a 21 de novembro.

O que fazer para mudar?

O estudo também verificou a melhor forma de aproveitar o potencial energético do lixo produzido no Médio Vale do Itajaí. O método mais indicado é a biometanização. Este processo assemelha-se à liberação natural de metano, mas neste caso acontece por um reagente chamado Digestor. O produto então age sobre o resíduo o decompondo até que este torne-se biogás (livre de gases ácidos).

A biometanização é recomendável nos casos em que os resíduos sólidos sejam em sua maioria orgânicos; por isso outro ponto ressaltado pelo estudo é necessidade de melhora na coleta seletiva dos municípios do Médio Vale.  O custo de instalação é 50% mais barato que os métodos térmicos, e o valor da manutenção e operação 60% menor.

O biogás resultante da biometanização pode servir como fertilizante ou gerar energia elétrica, mecânica ou térmica, ajudando na redução dos custos de produção. O sistema é utilizado, sobretudo, no tratamento de resíduos de áreas rurais.

Como o lixo da região não é só orgânico, o estudo também apontou uma alternativa para o tratamento de plásticos e metais: a gasificação e pirólise. O procedimento acontece através da degradação térmica e permite a redução do resíduo em 90% do volume e 75% do peso. O potencial energético também é maior que o da incineração, que também usa o calor.

A criação de uma estrutura única de tratamento e a realização de campanhas educativas de reciclagem estão igualmente nos apontamentos do levantamento.

Marcos Borges, Ascom AMMVI

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