Criado por uma mobilização que reúne empresas, sindicatos, universidades e outras entidades civis, o programa Cidades Sustentáveis busca fazer com que os candidatos às eleições para prefeito e vereador do ano que vem assumam compromissos quanto à sustentabilidade das cidades que pretendem governar.
Para isso, o grupo tem realizado um esforço para conscientizar pré-candidatos, candidatos e partidos políticos da importância de assumirem a agenda de sustentabilidade traçada pelo programa. Além, de convencer os próprios eleitores de que a defesa da sustentabilidade deve ser um critério a ser usado na hora de votar.
Em audiência pública da Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, realizada para discutir o Cidades Sustentáveis, o coordenador do programa, Oded Grajew, explicou que a agenda apresenta propostas nas áreas econômica, social, ambiental, cultural e política. "A cada um dos itens, foi associado um indicador, que permite a determinação de metas", explica Grajew.
Água
Entre as metas está, por exemplo, não desperdiçar água na distribuição na rede. "Colocamos o indicador de porcentagem de desperdício na rede de distribuição de água. Na cidade de São Paulo atualmente se desperdiça é 26%. Enquanto em Tóquio, o desperdício de água é de apenas 3,1%", detalha.
Segundo Grajew, se eleito, o novo prefeito terá 90 dias após a posse para apresentar um diagnóstico da sua cidade e um plano de metas com base nos indicadores básicos do programa.
Soluções
O jornalista André Trigueiro, apresentador do programa Cidades e Soluções, do canal GloboNews, aproveitou o debate para listar diversas soluções de sustentabilidade adotadas em cidades brasileiras. Na opinião do jornalista, ao lado da agenda proposta pelo Cidades Sustentáveis, essas soluções deixam claro que o que falta é mesmo compromisso político.
Para Trigueiro, um dos principais problemas está no uso do solo, em questões como gabarito de edificações, regras para construções etc. "São muitos os interesses de construtoras, incorporadoras, empreiteiras que têm lobbies na Câmara de Vereadores, senão com o próprio prefeito", acusou.
Menosprezo
O repórter lamenta também o que chama de menosprezo dos gestores públicos quanto às pesquisas desenvolvidas por universidades e centros de pesquisa. Ele criticou, por exemplo, a atual política de estímulo à produção e venda de automóveis. "Pode ser bom para a economia, mas prejudica a mobilidade urbana", argumentou.
Ele sugeriu também que se repense o modelo de gestão de resíduos. "É preciso olhar para as possibilidades de geração de riqueza a partir de produtos hoje considerados inúteis", lembrou.
Agência Câmara de Notícias