AMMVI sedia oficina sobre diversidade linguística e patrimônio

Aconteceu no sábado, dia 19, na sede da AMMVI, a primeira oficina do projeto "Línguas de imigração como patrimônio: (re)conhecendo a diversidade linguística no sabor da herança culinária".

O Projeto, contemplado pelo edital Elisabete Anderle de estimulo à Cultura/2014, prevê a realização de três oficinas, com oito horas de atividades cada uma, objetivando promover a educação patrimonial com destaque ao cenário plurilíngue e multicultural e as histórias das imigrações e das comunidades linguísticas da região através da culinária.

Participaram desta primeira oficina representantes do Instituto de Investigação e Desenvolvimento em Política Linguística (Ipol), do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), gestores culturais e interessados no tema.

Para a temática da primeira oficina – Diversidade Linguística e Patrimônio, foi convidado o professor adjunto da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e assessor do Ipol, Gilvan Müller de Oliveira, que, retomando situações ocorridas em diferentes momentos e países, contextualizou a importância histórica das políticas linguísticas no Brasil e no mundo.

Sobre as línguas do Vale do Itajaí, Oliveira ressaltou os momentos de repressão vividos pelas línguas em diferentes momentos históricos e destacou o fato de que, apesar dessa repressão, houve um processo de adaptação das línguas ao novo solo cultural.

Para entender o quanto as discussões a respeito da diversidade étnica e linguística são recentes, o professor da UFSC lembrou que apenas em 1988 os indígenas foram reconhecidos como cidadãos brasileiros. "Desde 1988 estamos tento uma mudança de rumo, de olhar a diversidade brasileira e a diversidade no mundo, exigindo que os estados criem e estimulem formas de governanças que contemplem a diversidade étnica, linguística, religiosa nas nações, plurais em sua natureza", explica.

Durante a oficina, Rosângela Morello, coordenadora do Ipol, contextualizou as políticas de legitimação das línguas no Brasil, destacando que são muito atuais e estão servindo de exemplo para outros países que ensaiam formas de reconhecer e valorizar as suas línguas.

Desde 2001, o Ipol esteve envolvido com a criação de políticas que culminaram, em 2006, com o Inventário Nacional da Diversidade Linguística (INDL), uma ação que permitiu mapear um conjunto de ações, gerando dados que mostrassem como e onde funcionam as línguas e qual seu grau de vitalidade.

Na metodologia do INDL, houve a necessidade de categorização das línguas presentes no Brasil, pois dependendo do número de falantes e regiões onde habitam, há demandas diferentes de organização e métodos de pesquisa para olhar e compreender as situações nas quais as línguas funcionam.

Na última parte da oficina, os participantes assistiram ao filme "Meio", que aguçou o debate sobre a percepção de falantes sobre suas línguas. A próxima oficina será realizada no dia 9 de abril, das 9h30 às 17h30, na AMMVI, e tratará sobre línguas e imigração no Brasil. As inscrições são gratuitas e pode ser feitas aqui.

Ascom AMMVI com informações do Ipol.