Suicídios em Pomerode: uma realidade a ser mudada por nós

A quem vive em Pomerode é impossível se manter alheio ao elevado número de suicídios ocorridos no município este ano. Algo que no passado já foi notícia em veículos de comunicação nacionais, volta a afligir a população. 

Mas o que fazer para evitar esse tipo de tragédia?

De acordo com o médico Psiquiatra do CAPS, Dr. Thomaz Sperb, uma das formas mais efetivas de se prevenir o suicídio é identificar na comunidade pessoas que passam por sofrimento intenso.

Sperb é graduado em Medicina pela Universidade Federal de Pelotas/RS, com especialização através de Residência Médica em Psiquiatria pela Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre.

Ele explica que todo suicida traz em si um outro lado que não deseja a própria morte.  "Para que a autodestruição se concretize, é necessário que o desespero se torne tão grande, que sobreponha a vontade de permanecer vivo. Muitas pessoas arrependidas me dizem que só não se atiraram de uma ponte ou não se jogaram na frente de um carro, porque naquele exato instante pensaram em seus filhos, esposa, marido, pai, mãe", explica. 

Sperb acrescenta que através desses relatos, dá para imaginar: aqueles que de fato tiraram a própria vida, provavelmente também tenham pensado em seus entes queridos antes de morrer. "O problema é que no caso deles, já era tarde. A angústia e a falta de crença num futuro melhor já haviam se perdido pelo caminho", diz.

Como podemos contribuir para evitar que isso ocorra? 

Estudos mostram que grande parte daqueles que cometeram suicídio jamais haviam consultado um psiquiatra. Por isso é muito importante a participação dos familiares, amigos, vizinhos, na identificação de sinais que denotem o sofrimento de alguém próximo.

Algumas vezes, o suicídio surpreende, vem sem nenhum aviso, após uma briga de casal ou demissão no trabalho, por exemplo. No entanto, na maioria dos casos é possível observar sintomas prévios como choro constante, falta de interesse em atividades que antes eram prazerosas, irritabilidade, falta de esperança no futuro, sentimento de fracasso e constantes pensamentos negativos.

"Quando alguém nos fala que a vida não vale mais a pena, que seria melhor estar morto, é muito importante ouvir sem criticar, com atenção, respeito e carinho. Dizer para a pessoa que ela não pode pensar assim, que isso é absurdo, só atrapalha", comenta o médico.

Conforme entrevista, o médico alerta que aquela máxima que diz "se alguém quer mesmo se matar, vai lá e se mata, não fica falando" é totalmente enganosa. "Um indivíduo que verbaliza diversas vezes que pretende dar fim à própria vida, na verdade está buscando ajuda, está pedindo que alguém o impeça de fazer algo de que ele teme se arrepender. Ao identificar um caso semelhante, não se abstenha de ajudar. Escute, ofereça apoio, leve essa pessoa ao tratamento e evite uma tragédia. Você pode salvar uma vida", finaliza.

Por meio da Secretaria Municipal de Saúde (Sesa), o CAPS também atende pessoas que fazem uso prejudicial de álcool e outras drogas, envolvendo também seus familiares. O atendimento é destinado a população residente no município de Pomerode e conta com os seguintes profissionais: equipe composta por um médico psiquiatra, um enfermeiro, três profissionais de nível superior (psicóloga, assistente social, terapeuta ocupacional) e profissionais de nível médio.

A comunidade ainda pode ajudar se aproximando do CAPS, oferecendo a sua participação ou apenas convívio em alguma atividade realizada. Informações pelo 3382-4731.

Assessoria de Comunicação da Prefeitura de Pomerode

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