Ainda em dezembro do ano passado, a Universidade Regional de Blumenau – Furb apresentou ao Departamento de Meio Ambiente da Prefeitura de Timbó e ao Instituto Ambiental Aracuã um diagnóstico – pesquisa socioeconômica realizada com moradores do entorno doParque Natural Municipal Freymund Germer – Morro Azul.
Desse diagnóstico foi possível entender a percepção desses moradores sobre o Morro Azul e formular o resgate histórico da região. Agora, a pesquisa continua após a confirmação de mais um ano de parceria entre Furb e Prefeitura de Timbó.
Toda pesquisa realizada na área do Morro Azul e nas zonas de amortecimento (terrenos que fazem limite com o Parque) é desenvolvida por professores e alunos da Furb, através do Grupo de Pesquisas de História Ambiental do Vale do Itajaí. O principal objetivo do grupo é traçar um caminho para que avancem as melhorias já realizadas no Parque nos últimos anos, bem como a preservação da flora e da fauna local.
Metodologia da pesquisa
No trabalho de campo foram entrevistadas famílias do entorno do Morro Azul, visitantes e sujeitos da história, entre eles Vilfrido Piske, Elisabet Germer, Germano Germer, Siegwald Gessner, Waldir Girardi, Fernando Pradi, Ravena Knoop, Ruth Krieger e Ilze Zilse.
Tudo para entender como o ambiente do Parque foi se transformado ao longo do tempo – a partir da colonização, como ocorreu a adaptação e transformação da natureza na região do Morro Azul e como se configura o território atualmente.
O Parque Natural Municipal Freymund Germer fica localizado na região denominada Mulde, zona rural de Timbó (Mulde = Vale). A região foi colonizada a partir da colônia Blumenau após 1850. A colônia Blumenau abrangia nesta época boa parte do Médio e Alto Vale do Itajaí, onde núcleos de povoamentos alemães e Italianos deram início às atuais cidades. Foi a população remanescente dos primeiros colonizadores que adquiriu os lotes coloniais, da colônia Blumenau.
A colonização de Timbó iniciou em 1863, com o engenheiro Augusto Wunderwaldt, quando foram loteados os vales da região Benedito-Timbó. A primeira incidência de ocupação de Timbó foi com Ângelo Dias, canoeiro que guiava os colonizadores e se abastecia de cachaça na foz do rio Benedito – o Caboclo Benedito deu nome ao rio.
A região da Mulde foi colonizada antes do vale do rio Benedito, já que subindo o rio Itajaí, partindo de Blumenau, a Mulde se encontra localizada antes do entroncamento dos dois rios. Em 1869, já estavam registradas 66 famílias com 264 moradores na Mulde. O primeiro colonizador da Mulde foi Johan Detlef Westphal.
O modo de vida na colônia ocorreu com a abertura de clareiras, exploração de madeira e palmito, comércio de madeira serrada, gamelas, produção de carvão, criação de galinhas, patos, porcos (subsistência) gado – comércio de leite e derivados; pesca (subsistência) e caça também para o comércio.
Destaque ainda para o plantio do aipim, araruta, batata doce, taiá, inhame e milho. Mais tarde o cultivo do arroz, feijão e cana de açúcar. Outra característica foi o comércio de farinhas, herança indígena da tribo Xokleng. As primeiras casas dos vales dos rios Mulde e Benedito foram financiadas pelo governo imperial do Brasil e construídas por August Germer (oleiro e construtor) a partir de 1860.
A origem do nome Morro Azul veio dos primeiros colonizadores. O Morro Azul (ultima região da Mulde a ser ocupada) era de propriedade de Oscar Piske, onde hoje se localiza a sede do Parque Natural Municipal Freymund Germer. A área era aberta e nela se cultivava principalmente milho e aipim, mas também cana de açúcar, fumo, frutas, criação de aves e gado.
A madeira do Morro Azul só foi explorada na abertura da estrada para a colocação das antenas. A família Piske saiu do local logo que aconteceu a venda das terras, para a criação do Parque, em 1974.
Atualmente a população de Timbó é de 41.283 habitantes, a população da Mulde Alta é de 288 e da Mulde Central de 614 habitantes. Predominam os descendentes dos colonizadores alemães, já na terceira geração e propriedades de até 20 hectares (escrituradas). A renda dessas famílias está distribuída na indústria com 22%, serviços 40%, agropecuária 22%, com aposentadoria rural 13% e o turismo – bastante evidenciado pelo voo livre e pela beleza do lugar.
Assessoria de Comunicação da prefeitura de Timbó.