A força da economia brasileira surpreendeu no segundo trimestre e o resultado do Produto Interno Bruto (PIB) veio no topo da expectativa dos analistas, e bem acima da maioria dos prognósticos. O PIB cresceu 6,1% em relação ao mesmo período de 2007 e 1,6% – ou 6,6% em termos anualizados – ante o trimestre anterior, na série expurgada de variações sazonais (dessazonalizada).
Em quatro trimestres, ou no ano terminado em junho, o avanço foi de 6%, idêntico à expansão no primeiro semestre de 2008. Foi o maior crescimento registrado pelo PIB em 12 meses desde o início da série, em 1996, e a maior expansão no primeiro semestre desde 2004.
O desempenho do PIB no segundo trimestre foi puxado pelo setor agropecuário e pelos investimentos, que cresceram 16,2% na comparação com o mesmo trimestre de 2007 – foi o 18º aumento trimestral consecutivo. Nos 12 meses até junho, os investimentos registraram expansão de 15,5%. Em ambos os casos, também são as maiores altas desde 1996.
"É um período bastante grande de crescimentos elevados, só equivalente a 2004", disse Roberto Olinto, coordenador de Contas Nacionais do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O PIB trimestral foi divulgado ontem, no Rio.
Outro fator positivo para o PIB, destacado pelo IBGE,foi o impulso dado pelas contratações e pelas obras do setor público em ano eleitoral (concentradas no primeiro semestre, por causa das restrições no segundo).
A agropecuária cresceu 3,8% de abril a junho, ante o trimestre anterior, na série dessazonalizada. Na comparação com o mesmo trimestre de 2007, o crescimento foi de 7,1%. Em ambas as medidas, foi o setor que mais cresceu. A agropecuária foi puxada pelo café em grão e pelo trigo, que têm safra no segundo trimestre, e com estimativa de crescimento de respectivamente 27,7% e de 12,8% no ano. "São produtos com crescimento da produção e ganhos de produtividade", explicou a gerente de Contas Nacionais Trimestrais do IBGE, Rebeca Palis.
Na indústria, o crescimento foi de 0,9% na comparação dessazonalizada com o primeiro trimestre, e de 5,7% ante o primeiro trimestre de 2007. O grande destaque foi a construção civil, que cresceu 9,9% ante igual período de 2007, acumulando uma alta de 9,4% no semestre. A construção civil no segundo trimestre foi puxada pelo aumento de 26,7% no crédito habitacional. Também houve uma alta de 5% na população ocupada na construção.
A indústria de transformação cresceu 4,8% no segundo trimestre, a extrativa mineral, 5,3%, e o setor de utilidades públicas (eletricidade, gás e água), 4,5%. Os serviços cresceram 5,5%, com destaque para a atividade financeira, com expansão de 14%, na esteira da forte expansão do crédito. O PIB do segundo trimestre atingiu R$ 716,9 bilhões.
Data: 11 de setembro de 2008.
Veículo: Jornal O Estado de S. Paulo.
Editoria: Economia.
Jornalista: Fernando Dantas.