Crise hospitalar em Santa Catarina

A crise da saúde apresenta um dos quadros mais críticos vividos até hoje no Brasil, um dos países que menos investe no setor. A informação é da presidente da Associação dos Hospitais de Santa Catarina (AHESC), irmã Sandra Judite Roaris, que reforçou: – A Argentina e Cuba investem, por exemplo, 5,1% e 6,2% de seus orçamentos, respectivamente, na área de saúde, enquanto, no Brasil, o índice é de apenas 3,2%.

Um dos agravantes para a situação caótica da saúde, salientou a dirigente, é a defasagem dos valores repassados pelo governo para o atendimento gratuito da população, que é feito pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Enquanto desde o início do Plano Real (em 1994) até o começo deste ano a energia elétrica, gasolina, água e gás de cozinha aumentaram em mais de 500%, o reajuste da tabela do SUS foi de 46,52%.

– Por mais boa vontade que tenhamos, por melhor que sejam os gestores dos nossos hospitais, com o que recebemos do governo para manter os hospitais, seria preciso que fizéssemos milagre – afirmou.

A situação financeira dos hospitais catarinenses é um dos principais temas que começam a ser debatidos, hoje à noite, na 32ª edição do Encontro Catarinense de Hospitais, que prossegue até sexta-feira, no Centro Multiuso de São José.

 

Programação do 1° dia

Amanhã

16h – Abertura da Feira de Tecnologia, Produtos e Serviços Médico-Hospitalares

19h – Solenidade de Abertura

20h – Palestra: União e Força, a Vitória de Todos, com Luiz Carlos Prates (psicólogo e jornalista)

O retrato da saúde no Estado

Número de cidades: 293

População: 6 milhões

Estabelecimentos de saúde (hospitais, clínicas, laboratórios e serviços): 9.788

Hospitais (públicos e privados): 222

Hospitais privados: 82%

Hospitais públicos: 18%

Municípios sem hospitais: 126

Municípios com um hospital: 142

Municípios com dois ou mais hospitais: 25

Municípios com um hospital com mais de 50 leitos: 42

Municípios com só um hospital de pequeno porte: 100

Leitos: 15.661

Funcionários: 22.152

SUS: 83% dos leitos de SC estão dedicados a atendimento via SUS

O poder público contribui com: 22% do total de leitos

Fontes: Associação dos Hospitais de SC (AHESC) e Federação dos Hospitais de SC (FEHOESC)

A defasagem da tabela do SUS

Exemplos de serviços prestados pelos hospitais, seu custo e o quanto o SUS paga

Consulta em especialidade (adulto):

Custo R$ 24,07

SUS paga R$ 10

Emergência (adulto)

Custo R$ 566,34

SUS paga R$ 64,77

Raio X simples

Custo R$ 32,96

SUS paga R$ 14,32

Diária de UTI

Custo R$ 938,64

SUS paga R$ 363,31

Pneumonia do lactente

Custo R$ 3,784,19

SUS paga R$ 554,68

Valores geram reclamações

Representantes da área da saúde do governo federal afirmam que não há falta de verbas para o setor, mas problemas de gestão destes recursos por parte dos hospitais. O diretor-executivo da Associação e da Federação dos Hospitais de Santa Catarina, Braz Vieira, contestou.

Na opinião do dirigente, por mais que os gestores trabalhem, os recursos direcionados à saúde pelo governo estão muito aquém do que seria necessário para atender bem a população.

Hoje, 82% dos hospitais de SC são privados ou filantrópicos, contratados pelo Sistema Único de Saúde, ou seja: atendem gratuitamente a população e recebem, posteriormente, os honorários pela tabela do SUS.

– O problema é que estes valores pagos pelo governo são extremamente baixos. Os hospitais atendem uma grande demanda, mas não têm remuneração adequada para sua sustentabilidade – explicou Braz Vieira.

Para irmã Sandra Roaris, a solução possível é a formação de parcerias, envolvendo prefeituras, iniciativa privada, governo do Estado e União.

Veículo: Jornal Diário Catarinense.
Edição: 8226.
Editoria: Geral.
Página: 22.
Jornalista: Viviane Bevilacqua