Escrevemos a mesma língua

Rio de Janeiro – Na solenidade que celebrou os 100 anos de morte do escritor Machado de Assis, segunda-feira, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva assinou, na Academia Brasileira de Letras (ABL), o decreto que oficializa a implantação do Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa.

As novas normas entram em vigor a partir de janeiro de 2009, mas as antigas regras poderão ser usadas até dezembro de 2012 nos exames escolares, concursos públicos e em vestibulares.

O acordo quer unificar a escrita em oito países de língua portuguesa: Angola, Moçambique, Cabo Verde, Guiná-Bissau, São Tomé e Príncipe, Timor Leste, Brasil e Portugal. Nos livros escolares, a incorporação será obrigatória a partir de 2010. Em 2009, podem circular livros nas duas ortografias.

O acordo prevê o fim do trema, a retirada de consoantes mudas, novas regras no uso do hífen, inclusão das letras w, k e y no idioma e mudança na acentuação.

 

AS ORTOGRAFIAS DO PORTUGUÊS

REFORMA DE 1911

Proclamada a República em Portugal, o país promoveu uma reforma profunda para simplificar a ortografia, acentuando as diferenças com o Brasil. São eliminadas consoantes duplas e formas como ph, th e rh.

INÍCIO DA CONVERGÊNCIA

A partir de 1924, brasileiros e portugueses discutiram a unificação da ortografia. Houve um acordo entre os dois países, em 1945. Os portugueses o transformaram em lei, mas o Congresso Brasileiro nunca o confirmou.

A PRIMEIRA REFORMA BRASILEIRA

A Academia Brasileira de Letras publicou em 1943 um Formulário Ortográfico que revia a ortografia da língua, que passou a ser, a partir daquele ano, a forma oficial no Brasil. Além de simplificar a grafia, o formulário criou acentos diferenciais em palavras como gêlo, almôço e pôrto.

NOVA REFORMA

Em 1971, os brasileiros fizeram uma nova mudança que eliminou 70% da diferença de grafia com os portugueses.Aboliram-se circunflexos diferenciais (sêde e gêlo) e acentos subtônicos (sòmente, pèzinho).

O ACORDO DE 1990

Em 1990, Brasil, Portugal, Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique e São Tomé e Príncipe assinaram um acordo para unificar a escrita. Uniu-se, em 2004, o Timor. Para ser aceito, o acordo precisaria ser confirmado por todos os países, o que não ocorreu até 1994.

MUDANÇA NAS REGRAS

Em 2004, um protocolo modificativo estabeleceu que bastaria três países confirmarem o acordo para ser adotado em seus respectivos territórios. Brasil (2004), Cabo Verde (2005) e São Tomé e Príncipe (2006) o fizeram. Tomou-se a decisão de esperar por Portugal.

Veículo: Jornal de Santa Catarina.
Edição: 11431.
Editoria: Geral.