PIB cresce 6,8% e dá fôlego ao país

SÃO PAULO – Considerado por analistas como o ápice do crescimento do país no ano, a economia brasileira avançou 1,8% no terceiro trimestre, frente ao período imediatamente anterior, e 6,8%, na comparação anual a maior elevação desde o segundo trimestre de 2004.

Divulgado ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Produto Interno Bruto (PIB) ainda não contabiliza dados do endurecimento da crise financeira global, a partir de meados de setembro. Com resultados considerados acima do esperado para o período, analistas se viram obrigados a refazer cálculos de que a retração já desembarcaria aqui no quarto trimestre. A maioria acredita agora que a economia ainda vai crescer nos últimos três meses do ano, mas não há consenso sobre os números, devido às incertezas sobre o tamanho do impacto da crise financeira global.

Entretanto, todos prevêem resultado menor do que o registrado no terceiro trimestre. Economistas não descartam queda de até 1% no quarto trimestre em comparação com o terceiro e, até mesmo recessão em 2009.

No governo, a postura é otimista. Ao comemorar o resultado, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, projetou crescimento no último trimestre entre 3% a 3,5% em relação ao mesmo período de 2007. Segundo Mantega, o PIB deve ficar entre 5% e 5,5 % no ano, semelhante ao mesmo desempenho do ano passado que na avaliação dele é um dado ainda muito expressivo diante da crise internacional. Para o ministro, o Brasil teria condições de crescer 6% ao ano.

O IBGE evitou fazer projeções, mas informou que se a economia ficar estagnada no quarto trimestre, na comparação com o mesmo período de 2007, o país terá crescido 4,8% em 2008.

– Para chegar ao crescimento de 5,7%, o mesmo de 2007, a expansão (no quarto trimestre) teria que ficar em 3,7% – informa Rebeca Palis, gerente de Contas Trimestrais do IBGE.

Nível de investimento recorde, puxado pela construção civil e bens de capital, crescimento da massa salarial e o consumo das famílias impulsionaram o PIB, que acumula anual alta recorde de 6,4%. O indicador de investimentos cresceu 19,7% no terceiro trimestre em relação a igual período do ano passado. O resultado foi recorde da série iniciada em 1996.

A expansão dos investimentos foi puxada tanto pela produção e importação de máquinas e equipamentos, quanto pelo ótimo desempenho da construção civil, de 11,7% no terceiro trimestre de 2008, ante igual período do ano passado – a maior expansão trimestral para o setor. O bom momento da construção, conforme Rebeca, do IBGE, está relacionado ao aumento de 32,3% no crédito direcionado à habitação e ao aumento de 3,4% no pessoal ocupado do setor no trimestre.

Expansão da massa salarial foi um dos principais impulsos

Ainda de acordo com a especialista, mais do que o crédito, a forte expansão da massa salarial foi um dos principais impulsos para a aceleração do crescimento do PIB. Isso vitaminou o consumo das famílias, que cresceu 7,3% no terceiro trimestre deste ano, ante igual período no ano passado.

Com expansão de 7,1% frente a igual período no ano passado, a indústria foi o principal motor da economia no terceiro trimestre. É a maior expansão do setor desde o segundo trimestre de 2004, quando em igual comparação, havia registrado elevação de 12,1%.

Na agropecuária, o aumento de 6,4% no PIB no terceiro trimestre, ante igual período do ano passado, foi puxado especialmente pela cana-de-açúcar (17,4%), café (28,3%) e trigo (41,3%), produtos que têm colheita nesta época do ano, conforme o IBGE.

Passado de bons números (VER ANEXO)

Veículo: Jornal de Santa Catarina.
Edição: 11492.
Editoria: Economia.