Tragédia se alastra

Durante o dia de ontem, os números da tragédia não pararam de subir. Em 24 horas, as mortes em decorrência da chuva aumentaram em mais de 200%; os desabrigados e desalojados, em 175%. Até o início da madrugada de hoje, o Departamento Estadual de Defesa Civil confirmava 65 mortos, 30 desaparecidos, oito cidades isoladas e 44.151 pessoas sem casas.

Com exceção de um afogamento, registrado em Bom Jardim da Serra, as outras mortes foram por soterramento. Blumenau, uma das cidades mais castigadas pela chuva até agora, teve 13 mortos. Em Ilhota, 15 pessoas perderam a vida; em Gaspar, 10; em Jaraguá do Sul, 12; em Rodeio, quatro; em Luiz Alves, quatro; em Rancho Queimado, duas; em Benedito Novo, duas; em Pomerode, uma; e em Brusque, uma.

O subtenente Edemilson Irineu Corrêa, da Defesa Civil, informou que o número de mortes deve subir já que ainda há áreas isoladas que não foram atendidas. Conforme os bombeiros e policiais chegarem nestas localidades, poderão encontrar mais corpos soterrados.

A Defesa Civil recebeu informações de 44 cidades do Estado que enfrentam problemas de alagamento ou deslizamento. A estimativa é de que 1,5 milhão de pessoas tenham sido afetadas pelo excesso de chuva.

Os prefeitos de Gaspar e Rio dos Cedros decretaram estado de calamidade. Autoridades de Blumenau, Brusque, Ilhota e Tijucas já sinalizaram que vão decretar a situação.

Pomerode, Rio dos Cedros, São João Batista, Benedito Novo, Itapoá, Garuva, Luiz Alves e São Bonifácio ficaram completamente isolados. Os 600 turistas que estavam também isolados em um parque aquático na cidade de Gaspar permaneciam no local até as 21h de ontem. Eles haviam recebido medicamentos durante a tarde e devem ser retirados hoje.

Em Blumenau, há pelo menos 19,5 mil desalojados (pessoas que precisaram sair de casa e buscaram abrigo em residências de amigos) e 280 desabrigados (pessoas que foram para abrigos improvisados pelas defesas civis). Em Itajaí, são 1,2 mil desalojados e 2 mil desabrigados. Na cidade de Ilhota, 3,5 mil pessoas tiveram que deixar suas casas – o que representa 29,5% da população. Em Balneário Camboriú, o Hospital Santa Inês foi atingido por um deslizamento, destruindo a cozinha e obrigando a direção a evacuar cinco alas. Dos 165 leitos, 27 estão ocupados.

As rodovias federais de Santa Catarina estão interditadas em cinco pontos. As mais afetadas foram a BR-101 e a BR-470. No Km 235 da 101, na região do Morro dos Cavalos, em Palhoça, um deslizamento bloqueou a estrada dos dois lados. Desde sábado, ninguém passa pelo local. Na BR-470, ocorreu a explosão do gasoduto no Km 33, na madrugada de sábado, e uma barreira caiu no Km 41.

Nas estradas estaduais, havia 12 pontos interditadas na noite de ontem. Em Florianópolis, no Km 14 da SC-401, que liga o Centro ao Norte da Ilha, as pistas foram bloqueadas após um deslizamento de terra ocorrido no domingo. Um caminhão foi retirado do local na tarde de ontem.

Sete aeronaves ajudam no atendimento aos desabrigados

Para trabalhar no resgate e no atendimento aos desabrigados, sete aeronaves estão em ação – três do Exército, duas da Polícia Militar e duas da Força Aérea Brasileira. O governo do Paraná enviou dois aviões e 150 homens, que já estão na região do Vale do Itajaí trabalhando. Hoje, devem chegar mais dois helicópteros do Paraná, dois de Minas, dois de São Paulo e um do Rio Grande do Sul.

Na noite de ontem, o ministro da Integração Nacional, Geddel Vieira Lima, chegou no Estado para verificar a situação. Também estão em Santa Catarina o secretário nacional da Defesa Civil, Roberto Costa Guimarães, e o diretor do departamento de minimização de desastres da Defesa Civil, coronel Marcos Moreira.

Veículo: Jornal Diário Catarinense.
Edição: 8267.
Editoria: Reportagem Especial.
Página: 4.
Jornalista: Luciana Ribeiro.