ILHOTA – A busca por respostas após a tragédia de novembro motivou moradores dos bairros Baú Seco, Alto Baú, Alto Braço do Baú, Braço do Baú, Baú Central e Baú Baixo a formar a Associação dos Desabrigados e Atingidos da Região dos Baús (Adarb). O foco principal é a questão econômica, uma vez que todas as fontes de renda foram atingidas, desde as plantações de arroz até os comércios. A reconstrução dos bairros e o retorno para as casas também estão na pauta da Adarb.
Rizicultores do Braço do Baú, Alto Braço do Baú e Baú Central perderam toda a cultura deste ano. Entre os bananeiros, 80% da produção foi comprometida. No Alto Baú e Baú Seco, as propriedades que trabalhavam com legumes, verduras e frutas tiveram perda total. A associação ainda não conseguiu levantar o número de agricultores na região, mas apurou que as perdas do setor representam 50% do prejuízo do Baú. Serrarias, facções e pequenos comércios respondem pela outra metade das perdas.
Ruas e pontes continuam destruídas
Além de ter o próprio negócio extinto, outra preocupação das famílias é a saída de empresas da região e as demissões. Uma serraria do Alto Baú já confirmou a transferência para Gaspar.
– Estamos pensando em todas estas questões. Vamos organizar cursos para qualificação e já temos terrenos em vista para a construção de casas, mas tudo demanda tempo e dinheiro – argumenta o prefeito da Ilhota, Ademar Felisky.
O comerciante Gelásio Richart, 55 anos, diz que todas as vezes que chove, as pessoas se desesperam. Temem que tudo o que foi consertado seja destruído novamente.
– A última chuva trouxe para dentro do mercado toda a lama que ainda está na rua. Mas vamos limpar tudo de novo, precisamos trabalhar, pois a ajuda está demorando – desabafa o comerciante.
De acordo com o gerente da Defesa Civil estadual, major Emerson Neri Emerin, há equipes trabalhando na reconstrução da região. A abertura de acessos está sendo tratada como prioridade para que moradores possam retomar o trabalho e vender o que sobrou da produção.
Imóveis são avaliados um a um
Outro ponto na pauta da Associação dos Desabrigados e Atingidos da Região dos Baús (Adarb) é a liberação das casas na Área Vermelha. Delimitada depois dos deslizamentos de novembro, a zona de risco abrange os bairros Baú Seco, Alto Baú, Alto Braço do Baú, Braço do Baú, Baú Central e Baú Baixo. Antes de autorizar a permanências na casas, a Defesa Civil do Estado avalia cada imóvel.
– Não faremos uma liberação por bairro ou região. Conversamos com a família e vemos a situação da casa onde morava, mas explicamos que a partir de agora é necessário aprender a conviver com o risco, pois não existe casa 100% segura – afirma o gerente da Defesa Civil estadual, major Emerson Neri Emerin.
Os moradores, cujas casas não foram liberadas pela Defesa Civil, podem permanecer nos imóveis durante o dia, mas têm de deixar a Área Vermelha até as 19h. Ainda há 300 pessoas desabrigadas no município e que precisam de uma nova casa para morar.
Um grupo de geólogos do Centro de Estudos e Pesquisas sobre Desastres (Ceped), da UFSC, está na região desde o início da semana para identificar áreas de risco.
Veículo: Jornal de Santa Catarina.
Edição: 11523.
Editoria: Geral.
Jornalista: Daniela Pereira (daniela.pereira@santa.com.br).