BRASÍLIA – O governo reduziu o nível de investimentos em dezembro e não conseguiu cumprir a meta de aplicar 1% do Produto Interno Bruto (PIB) em infraestrutura em 2008, apesar do discurso oficial de preservação dos gastos no setor para enfrentar a crise econômica. Dados obtidos pelo jornal O Estado de S. Paulo mostram que, após 40 meses de expansões sucessivas no volume de gastos com obras e aquisição de equipamentos, em dezembro os investimentos públicos desaceleraram.
O objetivo da área econômica era chegar ao final de 2008 tendo aplicado cerca de R$ 30 bilhões em investimentos. Em novembro, os técnicos já desconfiavam que essa cifra não seria alcançada, pois o gasto acumulado em 12 meses (e corrigido pela inflação) estava em R$ 27,3 bilhões. O que ninguém esperava, entretanto, é que esse montante cairia em dezembro para R$ 26,5 bilhões (0,9% do PIB).
Esse número deve diferir um pouco do divulgado pelo Tesouro Nacional, porque esse órgão também inclui na conta gastos com inversões financeiras, como aquisição de imóveis para reforma agrária, que elevam a soma mais para perto do 1% do PIB.
Extraoficialmente, os técnicos atribuem a desaceleração dos investimentos à queda na arrecadação em novembro e dezembro, que levou o governo a adotar uma postura mais cautelosa no desembolso de recursos. Motivo: com R$ 7 bilhões a menos de receita nos cofres em relação ao programado, o governo correria o risco de não cumprir a meta de superávit primário, já que em dezembro deslocou a sobra fiscal dos meses anteriores para o fundo soberano.
Os técnicos observam, entretanto, que a freada nos investimentos não atingiu as obras diretamente executadas pelo governo federal, mas apenas os repasses para Estados e municípios. Os investimentos realizados pelo próprio governo chegaram a ter pequeno crescimento entre novembro e dezembro – o somatório de 12 meses cresceu de R$ 13,8 bilhões para R$ 14 bilhões em valores atualizados.
A passagem do período eleitoral também pode explicar essa queda. Entre dezembro de 2007 e novembro de 2008, os repasses federais para investimentos de Estados, municípios e entidades sem fins lucrativos tinham crescido de R$ 8,3 bilhões para R$ 13,5 bilhões no valor acumulado em 12 meses. Em dezembro, entretanto, esse gasto caiu em R$ 1 bilhão. Ou seja, com o impacto da crise na receita, o governo preservou seus próprios investimentos, mas começou a reduzir os repasses voluntários para governadores e prefeitos. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
Veículo: Jornal O Estado de São Paulo.
Editoria: Economia & Negócios.
Jornalista: Sérgio Gobetti.