Não há vontade política no Brasil para preparar o país para lidar com os desastres naturais. O alerta é de Debarati Guha-Sapir, uma das principais especialistas sobre desastres no mundo.
Ela dirige o Centro de Pesquisa sobre Epidemiologia dos Desastres, entidade que fornece à Organização das Nações Unidas (ONU) os dados anuais sobre as vítimas no mundo e é o centro de referência hoje sobre o tema.
– O Brasil tem dinheiro suficiente para lidar com o problema dos desastres naturais e há anos já poderia ter colocado em funcionamento um sistema de prevenção. Mas a grande realidade é que falta vontade política – afirmou a especialista em uma conferência de imprensa na ONU para a apresentação dos novos números de vítimas de desastres naturais no planeta.
A ONU alertou que os desastres naturais cada vez mais devastadores são já alguns dos efeitos das mudanças climáticas, com o aumento de tormentas e eventos climáticos extremos.
Em 2008, o número de vítimas foi um dos mais altos da história. Foram 235 mil mortos no ano passado. Só o ano do tsunami, em 2004, superou a marca, com 241 mil mortos.
Vítimas poderiam ter sido poupadas
Em 2008, o Brasil foi o 13º país mais afetado por desastres naturais. Pelo menos 2 milhões de pessoas foram afetadas pelos desastres, principalmente pelas chuvas.
Só as chuvas em Santa Catarina em novembro atingiram 1,5 milhão de pessoas. Segundo Debarati Guha-Sapir, a realidade é que as vítimas poderiam ter sido poupadas.
No mundo, os mais afetados no ano passado foram os chineses, atingidos por 26 desastres naturais e com mais de 87 mil mortos. O ciclone Nargis, que atingiu Mianmar, deixou 138 mil mortos.
As perdas para o mundo em decorrência dos desastres naturais chegaram a US$ 181 bilhões, ante US$ 214 bilhões em 2005. Na década, as perdas já ultrapassam a marca US$ 835 bilhões.
Veículo: Jornal Diário Catarinense.
Edição: 8326.
Editoria: Geral.
Página: 27.