Quando um presidente da República, em nosso país, quer ganhar aplauso fácil, fala mal da imprensa. A tradição é perpetuada por Luiz Inácio Lula da Silva. A crítica da vez, pronunciada ontem, em meio a 3,5 mil prefeitos reunidos no Centro de Convenções Ulysses Guimarães, em Brasília, era sobre as especulações que davam conta de um comício para a pré-candidatura da ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, ao Palácio do Planalto.
O presidente tratou de dizer que não precisaria disso, do encontro, é claro, para fazer o que se propôs: aproximar-se dos municípios e de seus administradores. Como existe uma legislação eleitoral que veda a campanha fora de época (extemporânea), Lula não entrou em detalhes sobre a condição de Dilma.
Para adoçar o bico dos prefeitos, o presidente da República disse que aguarda a pauta reivindicatória da Marcha a Brasília, até ontem o maior evento a reunir representantes de municípios na capital federal. E com a anunciada renegociação das dívidas com o INSS, marcou um gol para administradores ávidos em resolver "abacaxis" financeiros.
Do discurso presidencial veio uma proposta bastante interessante. O Planalto vai propor um projeto de lei ao Congresso Nacional que regulamenta a transição de mandatos eletivos, para evitar que prefeitos consagrados nas urnas enfrentem dificuldades para entrar nas prefeituras, depois de empossados. Problema real de um país onde as candidaturas estão nas ruas dois anos antes do pleito, mesmo que se negue até morrer.
Veículo: Jornal Diário Catarinense.
Edição: 8343.
Coluna: Informe Político.
Página: 8.
Colunista: Roberto Azevedo.