Enquanto o problema atingia grandes conglomerados econômicos nos Estados Unidos, na Ásia e na Europa, a crise parecia bem mais distante dos catarinenses. Havia quem seguisse à risca a ideia de marolinha, passada, erroneamente, pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Tudo isso é pretérito, pois grandes empresas que operam em Santa Catarina efetivam desligamentos, fecham unidades. Aumentam os problemas nas prefeituras, agravados, a cada dia, pela diminuição significativa no repasse do Fundo de Participação dos Municípios (FPM).
É esta questão ligada ao FPM que leva aos moradores de 80% dos municípios com menos de 20 mil habitantes no Estado, dependentes absolutos do repasse federal, os efeitos da tal crise, traduzidos em falta de serviços e manutenção de estruturas públicas. De janeiro até março deste ano, os recursos do fundo vieram quase 30% a menos, despencando de 137, 1 milhões, no primeiro mês do ano, para R$ 102,1 no mês passado, de acordo com levantamento da Federação Catarinense dos Municípios (Fecam).
A Confederação Nacional dos Municípios (CNM) tenta hoje, em Brasília, sensibilizar os senadores para o decréscimo nos valores do FPM, algo em torno de R$ 8,1 bilhões este ano, nas contas da entidade. Não será a única ação contra as perdas. No dia 14 próximo, a Fecam vai fazer uma assembleia de prefeitos em meio a um encontro da entidade em Blumenau. Pretende tirar um consenso de como a entidade vai se manifestar.
Prefeitos contatados pela coluna evitam falar no fechamento das portas das prefeituras. Defendem, porém, uma dura reação ao governo federal, que fez renúncia fiscal ao diminuir o IPI no preços dos carros, motos e material de construção, o que teve reflexo imediato no FPM. Sugerem, acima de tudo, que o próprio governo federal abra mão de receitas de gestão da União, com a flexibilização da taxa Selic e da Cofins, por exemplo.
Para os prefeitos, não adianta Lula pedir para apertar o cinto, muitos não têm o que cortar. Vale mais, segundo eles, o governo federal dar o exemplo. Coisa difícil de ocorrer em uma máquina cada vez maior e menos eficiente.
Veículo: Jornal Diário Catarinense.
Edição: 8399.
Coluna: Informe Político.
Colunista: Roberto Azevedo.
Página: 9.