GASPAR – Aviões de papel divertem as crianças no Centro de Moradia Provisória, no Bairro Santa Terezinha. A alegria dos meninos que arremessam os brinquedos para o alto se converte em esperança para as 31 famílias que perderam as casas na tragédia de novembro e estão abrigadas no local. Esta semana, mais um alento chega para quem aguarda novo lar. A prefeitura espera receber da Defesa Civil do Estado, até sexta-feira, R$ 2,3 milhões para a compra de terrenos. É o primeiro passo para a reconstrução de casas de quem perdeu tudo na catástrofe.
A prefeitura analisa quatro áreas, onde devem ser erguidas 400 moradias. Os imóveis ficam nos bairros Margem Esquerda, Poço Grande, Macucos e Barracão e precisam ser aprovados pela Companhia de Habitação de Santa Catarina, que verifica se a área é segura. Até agora, apenas os terrenos do Poço Grande e da Margem Esquerda têm o aval.
– Observamos a região em que as famílias viviam na hora de avaliar a compra de terrenos, para elas não perderem as relações estabelecidas – explica a diretora de Defesa Civil de Gaspar, Mari Inez Testoni Theiss.
Um dos terrenos avaliados, o do Poço Grande, gerou manifestações contrárias da comunidade. Moradores pediram para a prefeitura rever a compra. Mas o chefe de gabinete, Doraci Vanz, assegura que o município mantém o interesse pelo imóvel. Já os moradores do abrigo municipal esperam que os trâmites burocráticos corram com rapidez.
– Às vezes, a gente até perde a esperança. Mas peço a Deus para não desanimar. Não vejo a hora de sair daqui e entrar na minha casinha – desabafa Maria do Carmo Costa Santos, 56 anos, que trabalha em uma confecção.
Os terrenos |
Onde ficam as áreas em ánalise: |
– BR-470, Margem Esquerda, na esquina com a Rua Rodolfo Müller |
– Rodovia Jorge Lacerda, Poço Grande, em frente à Bunge |
– Rua João Barbieri, Barracão, próximo à Escola Marina Leal |
– Rua Leonardo Pedro Schmitt, Macucos, perto da Ceramifix |
Fonte: Fonte: prefeitura de Gaspar |
Faltam recursos para as casas
Apesar de a compra dos terrenos estar em análise, no momento não há recursos na prefeitura para a construção de casas, que depende de parcerias com os governos do Estado e federal, além de doações.
– Por enquanto, temos R$ 128 mil doados pelo Rotary e a confirmação de uma empresa que vai construir 30 casas – conta o chefe de gabinete, Doraci Vanz.
Até as casas saírem do papel, 120 desabrigados ficarão no Centro de Moradia Provisória, no Bairro Santa Terezinha. É o caso de Salvador Pessoa da Silva, que perdeu vizinhos em deslizamentos no Sertão Verde. Por ter sobrevivido, ele não se importa de completar o aniversário de 70 anos, dia 6 de maio, no abrigo.
– Tenho fé de que vou ter uma casa de novo. Nada melhor do que estar no que é da gente, né? Só que está demorando isso – reclama.
Veículo: Jornal de Santa Catarina.
Edição: 11601.
Editoria: Geral.
Jornalista: Magali Moser (magali.moser@santa.com.br).