ENTREVISTA RICARDO STANZIOLA VIEIRA, ESPECIALISTA EM DIREITO AMBIENTAL
A Federação da Agricultura e Pecuária de SC (Faesc) emitiu nota oficial em que defende o Código Ambiental. O vice-presidente da entidade, Eroni Barbieri, argumenta que o código especifica benefícios agrícolas que, na visão dele, desconstroem os argumentos de que a nova lei irá beneficiar a agroindústria. Para ele, a legislação federal impede que os agricultores progridam.
Jornal de Santa Catarina – O senhor vê legalidade no texto do código?
Barbieri – As pessoas que nos assessoram garantiram que é possível discutir e defender o Código Ambiental catarinense, se preciso, no Supremo Tribunal Federal.
Santa – O ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc afirmou que vai mandar o Ibama prender quem desrespeitar o Código Florestal. O que o senhor achou dessa afirmação?
Barbieri – Primeiro, ele faltou com respeito ao povo catarinense. Parece que nem leu o código. Ele não sabe do que fala. Não conhece e não tem noção da realidade da agricultura catarinense. O código é para beneficiar o agricultor. Quem diz que irá beneficiar o agronegócio são pessoas que não têm origem na agricultura, não dependem da agricultura e não têm o conhecimento de sustento da vida.
Santa – Há algum malefício no Código Ambiental catarinense?
Barbieri – O código é fundamental para o equilíbrio e sobrevivência das pessoas que dependem da agricultura. Hoje, temos 185 mil propriedades com menos de 15 hectares. Se aplicarmos o Código Florestal acabaríamos com essas propriedades causando o êxodo rural e a diminuição da produção estadual de alimentos.
Santa – O senhor acha que os acontecimento de novembro de 2008 foram levados em consideração pelo governador?
Barbieri – Não foram levados. As tragédias não foram únicas e elas são cíclicas. Hoje, a maior tragédia é a enchente na Amazônia. As tragédias são problemas ambientais que nada têm a ver com Santa Catarina. São coisa da natureza.
Veículo: Jornal de Santa Catarina.
Edição: 11603.
Editoria: Política.