Empresários vão apelar para Lula

Parecia a repetição de uma daquelas reuniões que ocorreram durante a tragédia de novembro. Olhares cansados e expressões preocupadas denunciavam a angústia de lideranças políticas e empresariais na busca de uma solução para facilitar a liberação de dinheiro para a reconstrução da cidade. O salão nobre da prefeitura ficou lotado. Dentre os assuntos discutidos, o pedido de uma audiência com o presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva (PT) foi considerado a única alternativa para solucionar de vez o impasse dos recursos.

– Já se passaram cinco meses e nada aconteceu. O presidente veio aqui duas vezes e nada resolveu. Ele falou que não faltaria dinheiro para Blumenau e não está honrando – desabafou, em tom crítico, o presidente da Federação das Indústrias de Santa Catarina (Fiesc), Alcantaro Corrêa.

O documento solicitando a audiência com o presidente será encaminhado semana que vem ao Palácio do Planalto. Por meio deste documento, líderes empresariais de Blumenau querem reapresentar todo o drama que a cidade e o Vale passaram e as dificuldades que ainda estão enfrentando. Corrêa não vê alternativa.

– Se isso não ajudar, quem poderá ajudar? Se ele é o mandatário do país e não consegue comandar ministérios, estamos perante uma gestão que manda quem quiser, como quiser e quando quiser – falou Corrêa.

Este mesmo tom foi usado pelo presidente do Sindicato das Indústrias Têxteis (Sintex), Ulrich Kuhn. Ele chegou a ser mais incisivo, respondendo às declarações de que o impasse não deveria ter chegado onde chegou:

– Isso já se transformou em fato político. Ninguém vai me convencer que não há pressão política contrária para que as coisas não aconteçam aqui. Nós usamos todos os caminhos possíveis e imagináveis. E o que aconteceu? Nada. Zero. Será que vai faltar tempo também para chegar dinheiro ao Estado do Maranhão? – questionou, falando das chuvas que hoje assolam o estado nordestino.

Por sugestão do prefeito João Paulo Kleinübing (DEM), a comissão que irá a Brasília – caso a audiência seja marcada – deverá ser formada por representantes de associações de moradores, dos abrigos e lideranças empresariais.

– Esta não será uma ação partidária, e sim uma ação da cidade. Seremos uma voz única em prol de Blumenau – disse o prefeito, reiterando que a audiência depende da agenda do presidente Lula.

Outras sugestões chegaram a ser apontadas, como a prorrogação do estado de calamidade pública por mais 90 dias. Isto dependeria de estudo, porque a lei vigente determina que o decreto possa ser prorrogado por uma única vez, o que já foi feito.

 

A ajuda do governo

R$ 360 milhões

são os recursos da Medida Provisória (MP) 448, destes

R$ 120 milhões

estão emperrados dependendo de convênio, outros

R$ 152,5 milhões

foram empenhados, mas não vieram e não precisam de convênio.

R$ 87,5 milhões

o Estado já recebeu

Veículo: Jornal de Santa Catarina.
Edição: 11609.
Editoria: Política.
Jornalista: Giovana Pietrzacka (giovana@santa.com.br).