Acredite, a reconstrução começou

BLUMENAU – Em vez de desviar os buracos ao longo da Via Expressa, nos próximos dias o motorista deve prestar atenção nas máquinas e operários na pista. O Departamento Estadual de Infraestrutura (Deinfra) começou a limpeza das barreiras e buracos para dar início à recuperação da via. A ligação entre a BR-470 e o Centro do município tem pelo menos seis trechos danificados pelas chuvas de novembro. O trabalho iniciou terça-feira à tarde, mas ontem teve de ser interrompido por causa da chuva. A expectativa é retomar as obras hoje.

A reforma da Via Expressa marca o início da reparação das 24 ruas financiadas pelos R$ 38 milhões destinados à prevenção, construção e recuperação de pontes e passarelas. O dinheiro vem da Medida Provisória 448 do governo federal. As máquinas também estão operando nas ruas República Argentina, Silvano Cândido da Silva Sênior, ambas no Bairro Ponta Aguda, e Emílio Tallmann, no Progresso. De acordo com o secretário de Obras de Blumenau, Alexandre Brollo, os trabalhos devem continuar "a todo vapor" nos próximos dias.

A prefeitura deve receber do Departamento Estadual de Infraestrutura (Deinfra) o cronograma definitivo das operações até terça-feira. O prazo dado pela Defesa Civil Nacional é de 180 dias para a reparação completa, mas pode ser estendido se for necessário. O início das obras era aguardado desde 9 de março, primeira data anunciada pelo Deinfra. De lá para cá, Estado e União travaram um duelo burocrático para que o dinheiro fosse liberado.

Segundo o engenheiro responsável pelos projetos, Wellington Morin, da empresa SC Engenharia, ao todo são 40 obras em todo o município. Só na Via Expressa há danos causados por 13 tipos de deslizamentos. A recuperação da via começou nas proximidades da Rua José Augusto Maba. O cronograma prevê o estaqueamento para evitar novos desmoronamentos, drenagem, instalação de muros de contenção nas encostas, além de nova camada asfáltica. Morin afirma que ainda é preciso estudar as outras ruas atingidas para saber qual o procedimento a ser adotado em cada uma delas.

– Em Blumenau a maioria das ocorrências biológicas é singular, com tipos de solos diferentes. Na região do Riberão Garcia, por exemplo, há o rio, uma rua e um morro. É preciso saber como agir para evitar que o problema ocorra novamente – explica Morin.

 

Calendário da espera

– Em novembro, o governador Luiz Henrique da Silveira assinou o decreto de calamidade pública que deveria agilizar a liberação de verbas para a reconstrução das áreas atingidas pela catástrofe. Apenas 56 dias depois de liberada para o tráfego até a BR-470, a Via Expressa teve queda de barreiras, buracos e ondulações no asfalto em seis pontos

– Em janeiro, o Deinfra informou que três empresas fizeram um relatório técnico com avaliação de todos os problemas da via. O prefeito João Paulo Kleinübing reforçou que a recuperação da pista era prioridade. A obra estava orçada em R$ 11 milhões. O dinheiro viria dos R$ 120 milhões a serem liberados pelo Ministério da Integração Nacional por meio da MP 448

– No dia 19 de fevereiro, o governo garantiu a liberação de R$ 38 milhões para obras de infraestrutura em Blumenau. A previsão do Deinfra era recuperar 24 ruas, mais sete pontes e quatro passarelas, a partir de 9 de março

– As obras não começaram em março. O Ministério da Integração Nacional apontou erros nos projetos enviados pelo Estado. Uma batalha burocrática se deu desde então, envolvendo políticos e empresários de Santa Catarina. Só agora, quase seis meses após a tragédia, o dinheiro chegou e as obras começaram

Veículo: Jornal de Santa Catarina.
Edição: 11626.
Editoria: Política.
Página: 4.
Jornalista: Caroline Passos (Caroline.passos@santa.com.br).