Efeito prático

Boa parte dos mais de 5,6 mil prefeitos brasileiros está, a partir de hoje, na capital federal, durante a marcha promovida pela Confederação Nacional dos Municípios. Na 12ª edição, a marcha tornou-se um elemento de ressonância dos gestores para pressionar as autoridades federais na velha prática do pires na mão, instituída desde que o Brasil tornou-se uma federação no papel e um governo quase que unitário na prática.

Com o passar dos anos, a fome da União cresceu, subverteu valores consagrados na Constituição Cidadã, de 1988, impôs maiores responsabilidades para os municípios e centralizou, de maneira absurda, o gerenciamento dos recursos em Brasília. Os prefeitos passaram a ter reconhecimento, principalmente em anos eleitorais, porém a última grande vitória que comemoraram foi o aumento de um por cento percentual no Fundo de Participação dos Municípios (FPM).

O contribuinte, que paga a conta sempre, anda desconfiado dos resultados da Marcha a Brasília. Não por desacreditar no modelo, que, aparentemente, deu certo, ao ganhar notoriedade, com a presença cada vez mais constante do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, nas solenidades de abertura, como ocorrerá nesta terça-feira, mas por começar a avaliar que a grande guinada nesta história está escondida nas enormes gavetas do Congresso Nacional, camuflada em uma prometida reforma tributária que supera uma década de espera.

Para não deixar passar batido, a coluna contou com a colaboração da sucursal do Grupo RBS em Brasília para levantar que o custo de uma diária, entre hotéis de pequeno, médio e grande porte, varia, respectivamente, entre R$ 214, R$ 250 e R$ 280 – considerados os quartos de solteiro ou single, na linguagem do setor. Some-se a isso o gasto com passagens aéreas, em torno de R$ 1,1 mil ida e volta, mais taxas, com a saída de Florianópolis direto a Brasília, pela Tam e pela Gol. Mais uma grana para alimentação e translados. Agora, avalie e deduza se vale o retorno do gasto, em três dias, em torno de R$ 3,5 mil. Você pode acompanhar os detalhes dos custos no Blog do Azevedo.

Veículo: Jornal Diário Catarinense.
Edição: 8497.
Coluna: Informe Político.
Página: 7.
Colunista: Roberto Azevedo.