A oficialização do Plano Safra, feita ontem pelo presidente Lula, no Paraná, foi bem vinda para a agricultura, dizem as entidades ligadas ao setor. Os recursos para o campo somam R$ 107, 5 bilhões, dos quais R$ 92,5 bilhões serão investidos na agricultura comercial e outros R$ 15 bilhões na agricultura familiar. Mas mesmo com o grande investimento, os ruralistas reclamaram da falta de um seguro de renda para o agricultor.
O presidente da Federação dos Trabalhadores da Agricultura de SC (Fetaesc), Hilário Gottselig, acredita que a agricultura familiar deu um passo significativo. Ele salientou que a preocupação da federação não é com o volume de recursos, mas com a qualidade de aplicação. Um dos objetivos é aplicar R$ 7 bilhões na canalização de água nas áreas atingidas pela estiagem.
– A medida soluciona o problema da seca no Oeste, pois dois hectares em cada propriedade serão destinados à captação, armazenamento e distribuição de água. A agricultura familiar avançou, mas ainda falta uma garantia de renda ao produtor.
O vice-presidente da Federação de Agricultura de SC (Faesc), Enori Barbieri, não encontrou novidades no Plano Safra e compartilha da opinião que falta garantia de renda aos agricultores. Barbieri disse que, em função do modelo fundiário de mini e pequenas propriedades, não faltam recursos para financiar a agricultura catarinense. O problema dos agricultores estaria na ausência de um seguro-rural.
– O produtor sofre muito com o passivo de dívidas anteriores, que o impedem de buscar novos créditos. Quando ele precisa de recursos, as exigências burocráticas são tantas que, muitas vezes, alguns desistem. Precisa-se de uma garantia de renda para as próximas safras.
O produtor Roberto Zanella, de Herval D'Oeste, revelou que muitos conhecidos acabaram desistindo da atividade em função da dificuldade de crédito. Na atividade há mais de 30 anos, ele reconhece que sempre falta algum recurso para aplicar na lavoura e sofre para consegui-lo. Zanella aproveitará os valores investidos na safra de milho. Ele endossa a opinião sobre o seguro de renda.
– Toda facilidade é bem-vinda na agricultura, mas o que nos faz falta é uma certeza de renda. Precisamos de um seguro contra seca, granizo e outras intempéries para garantir a sustentabilidade da atividade.
Setores atendidos
As principais medidas por áreas
COOPERATIVISMO
> O setor foi contemplado com R$ 2 bilhões por meio do Procap Agro.
> O objetivo do programa é garantir a ampliação do capital de giro e a reestruturação patrimonial das cooperativas de produção agropecuária, agroindustrial, aquícola e pesqueira.
> Os recursos poderão financiar a aquisição ou a integralização das cotas-parte do capital social das cooperativas e também será possível aumentar o capital de giro associado ou não a um projeto de investimento, além do saneamento financeiro da cooperativa.
> O limite de financiamento será de R$ 25 mil por associado e o limite da cooperativa foi fixado em R$ 50 milhões.
> A linha de crédito, com prazo de reembolso de até seis anos, tem taxa de juro anula de 6,75%.
MÉDIO PRODUTOR RURAL
> R$ 5 bilhões para financiar a lavoura.
> Esses recursos serão ofertados por meio do Proger Rural, que foi reformulado para facilitar o acesso ao crédito com condições facilitadas, segundo o Ministério.
> O programa dobrou o limite de renda do produtor que pode ter acesso aos recursos. Agora, será necessário comprovar uma renda superior a R$ 110 mil e inferior a R$ 500 mil.
> Os limites de crédito para custeio, investimento e comercialização, subiram de R$ 150 mil para R$ 250 mil.
Veículo: Jornal Diário Catarinense.
Edição: 8475.
Editoria: Economia.
Página: 15.
Jornalista: Francine Cadore (francine.cadore@diario.com.br).